Por mais que soubéssemos que esse dia chegaria, é até meio difícil de acreditar. Nos deixou nesta terça-feira, 22 de julho, o grande Ozzy Osbourne, 76, deixando um silêncio ensurdecedor em um mundo no qual ele ficou famoso por sempre fazer muito barulho.
Rei do heavy metal. Príncipe das Trevas. Um dos raros artistas que transcenderam a música para se tornarem símbolos eternos da cultura pop. Ozzy era maior do que os palcos. E, agora, parte para a eternidade pouco mais de duas semanas após sua última aparição pública, como quem sabia que o fim estava próximo e quis, mais uma vez, se despedir com grandeza.
Parece roteiro de cinema. Mas foi vida real. E foi poesia.

Seu rito de despedida começou em 2023, quando, já aos 74 anos e com mal de Parkinson, admitiu que estava perdendo a batalha contra as limitações do próprio corpo. “Nunca imaginei que meus dias terminariam assim”, disse ele, em uma das declarações mais dolorosas e sinceras de sua carreira. Foi como se ali começasse a contagem regressiva de um adeus que ninguém queria viver.
Desde uma cirurgia delicada na coluna, em 2019, após uma queda em casa, Ozzy enfrentava batalhas diárias contra dores, limitações e frustrações. A queda havia reaberto feridas físicas antigas, de um acidente de quadriciclo sofrido décadas antes. O corpo já não acompanhava mais o espírito indomável de um dos artistas mais lendários do rock.
Em 2023, anunciou: “Não sou fisicamente capaz de fazer mais shows”, quando contou sobre suas dificuldades e se viu obrigado a cancelar uma turnê que faria com o Judas Priest. Mas, a gente sabe bem, Ozzy não era de se curvar nem à idade, nem à dor. E, nos últimos dois anos, travou sua última grande luta: entregar aos fãs um último momento de glória.
E ele conseguiu.
No início deste mês, em Birmingham, sua terra natal, Ozzy subiu ao palco ao lado dos parceiros do Black Sabbath, da formação original. O show, que já entrou para a história como um dos maiores espetáculos da música, teve Metallica, Guns N’ Roses e ícones de várias gerações do rock pesado unidas em uma mesma noite, celebrando o homem que pavimentou o caminho.
Sentado em um trono, seu lugar de direito, Ozzy cantou como se soubesse que era a última vez. E foi sublime. Um gesto de amor à música, aos fãs, à sua própria história. Uma cena que ficará cravada na memória coletiva de todos nós que crescemos ouvindo sua voz cortando o tempo.
Ozzy nos deixa com o sentimento de dever plenamente cumprido, mesmo a gente sabendo que o mundo passa a ficar um pouco mais sem graça sem a presença dele a partir de agora.