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Rolling Stones e Bob Dylan na sexta. Paul McCartney e Neil Young no sábado. The Who e Roger Waters no domingo. O fim de semana histórico em Indio, Califórnia, reservou seis shows de artistas dos mais aclamados de todos os tempos, no festival Desert Trip, que muita gente prefere chamar de Oldchella. No lugar das engenharias, tendas eletrônicas e efervescência indie do Coachella, um clima de nostalgia absurda tomou conta de milhares de pessoas no meio do deserto. Classe.
* Na sexta-feira, os trabalhos foram abertos por Bob Dylan. Calado, mal conversou com o público e passou boa parte de sua apresentação ao piano, mas não deixou de despejar hits como Don’t Think Twice, It’s All Right, Tangled Up in Blue e Lonesome Day Blues. Uma rara apresentação de Dylan para grandes públicos, já que ele tem preferido se apresentar em teatros nos últimos anos.
* Os Rolling Stones reservaram algumas surpresas em seu set. Little T&A, do disco Tattoo You, foi tocada pela primeira vez em mais de uma década. “Ride’ Em on Down”, do novo álbum “Blue and Lonesome”, teve sua estreia ao vivo. Mas o grande momento da noite foi quando a turma liderada por Mick Jagger mandou ao vivo uma cover de Come Together, dos Beatles. Mas isso é assunto para outro post…
* A programação no sábado foi aberta pelo gênio Neil Young, em fase politizada, preocupado com a ecologia, os rumos do planeta e tudo mais. O canadense tem sido acompanhado pela banda Promise of the Real e revisitado seu vasto catálogo de canções incríveis. A tríade de abertura, por exemplo, é After the Gold Rush, Heart of Gold e Comes a Time. O encerramento é com a classuda Rockin’ in the Free World. Mas o show de Neil não acabou quando terminou, até porque…
* Neil apareceu no show de outra lenda, Paul McCartney. O beatle, parça do Brasil nos últimos anos, apresentou seu show de sempre, cantando canções de sua famosa ex-banda, do Wings e da carreira solo. Mas os melhores momentos ficaram reservados para a parceria de Paul e Neil, amigos há tipo cinco décadas. Os dois reeditaram ao vivo as músicas A Day in the Life e Give Peace a Chance, fazendo quase 100 mil pessoas cantarem a plenos pulmões. Ainda houve tempo para uma versão improvisada de Why Don’t We Do It in the Road?, nunca tocada ao vivo. Macca ainda botou no set a faixa I Wanna Be Your Man pela primeira vez desde 1993.
* O domingo foi o dia mais politizado do festival. No palco, The Who e Roger Waters. A banda inglesa fez uma apresentação mais light, de duas horas, e falou especificamente de sua história no país, iniciada com o sucesso do single I Can See For Miles, em 1967, quando a banda era a Adele ou a Lady Gaga da época, palavras do vocalista Roger Daltrey. No setlist, outros sucessos como My Generation, Pinball Wizard e The Kids Are Alright, esta última oferecida para os “jovens” da plateia.
* Mais tarde, um show pesado de Roger Waters. O ex-Pink Floyd aproveitou a apresentação em solo norte-americano para atacar de forma dura o candidato à presidência, Donald Trump, chamado pelo músico de “porco, sexista, machista e racista”. No telão, diversas imagens enfatizaram o posicionamento contrário de Waters em relação ao magnata. Em um dos momentos mais polêmicos da apresentação, o músico colocou crianças mexicanas no palco sob os dizeres “Abaixe o muro”, fazendo referência à declaração de Trump, que disse que construiria um muro na fronteira sul dos Estados Unidos para evitar a entrada de mexicanos no país, porque eles são “cheios de problemas e carregam drogas”.
*** O festival Desert Trip terá um repeteco no próximo final de semana, com a mesma programação de shows, seguindo o exemplo do Coachella.
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