Já estamos acostumados a ver relançamentos de discos clássicos – geralmente no fim do ano, época mais comercial. Toda banda de renome faz isso, e sempre dão um jeito de revirar os arquivos para resgatar gravações inéditas. A qualidade dessas gravações tende a oscilar bastante, e raramente trazem algo verdadeiramente novo, pois geralmente são apenas versões alternativas ou demos das faixas que já conhecemos. Não é o caso de “Now and Then”, que é lançada hoje como a “última” faixa dos Beatles.
Os fãs já devem conhecer a história. Em 1994, quando os três Beatles vivos (Paul, George e Ringo) se reuniram para iniciar os trabalhos da coleção “Anthology”, surgiu a ideia de “terminar” algumas músicas inéditas que nunca tinham sido lançadas. Deu certo para duas delas: “Free as a Bird” e “Real Love”. A terceira seria “Now and Then”, mas não deu certo – a demo da música, gravada por John Lennon e presenteada por Yoko Ono, não tinha qualidade de áudio suficientemente boa, e os três Beatles desistiram de gravá-la.
Agora, quase 30 anos depois, e após a morte de George Harrison, foi finalmente e tecnicamente possível para os dois Beatles vivos se unirem para concluir “Now and Then”.
Uma tecnologia inovadora foi utilizada para separar o vocal de John Lennon do som de seu piano, tornando possível a gravação da faixa completa. Tudo é explicado, bem direitinho, no documentário lançado ontem pela banda.
E como é a faixa? Bem, é difícil encontrar a perspectiva correta para analisar uma música nova dos Beatles em 2024. Certamente parece boa, e a qualidade do som é assustadoramente boa. Mas ela consegue ficar pau a pau com as melhores do grupo? Isso é uma questão a ser considerada? É justa com a história da banda? É cedo demais para dizer. Mas uma coisa sabemos: essa capa é esquisita.