Novo papa? Habemus o disco novo do Ghost, serve?

Não poderia haver melhor timing. Um novo álbum do grupo sueco Ghost, banda do “novo” Papa V Perpetua.

Mas, enfim. vamos lá.

Como praticamente tudo que envolve o Ghost, há sempre dois pontos de vista bem válidos e justificados. A teatral banda heavy de Linköping, que tem um visual cavernoso, cada vez mais ultraelaborado e aborda temáticas que no geral parece se tratar de uma banda metal pesadona, na prática tem feito cada vez mais aquele hard rock bem palatável e acessível.

De um início um pouco mais inspirado nos anos 70, aos poucos o grupo mirou na fonte dos 80 e, como o resultado expandiu significativamente seu público (incluindo até um milagroso momento “viral Tik Tok”). E, óbvio, a banda foi esperta e malandramente cavando mais fundo nesse hard rock mais, digamos, adocicado.

E isso representa muito bem onde hoje se encontra o Ghost, com o lançamento do seu sexto álbum de estúdio “Skeletá”.

Tem um lado absolutamente brilhante e cativante nos conceitos musicais e, principalmente, no ponto mais forte da banda, que não são os visuais, mas sim as maravilhosas melodias.

Mas também tem um lado bem safadinho em que dá para perceber várias referências descaradas. E o quanto Tobias Forge, o vocalista, líder e principal cabeça da banda, Ex- Papa Emeritus e, já que a cada lançamento/ciclo rola uma substituição de papas, e a encarnação da vez é “Papa V Perpetua”, continuou adentrando fundo nas portas do sucesso e replicando estilos de bandas como “Journey” e “Def Leppard”.

De cara, há algumas músicas que já são automaticamente catapultadas para o hall de prediletas da casa, como o single (e vídeo lindíssimo) “Lachryma” e a pesada “Marks of the Evil One”. E também o terceiro single e faixa de abertura “Peacefield”. Por outro lado, há ainda algumas músicas como o “Missilia Amori” e “Cenotaph” que, de primeira, são apenas bem OK mesmo, apenas.

Já baladas como “Guiding Lights” e “Excelsis” são daquelas que ou vão crescer nas próximas audições, ou simplesmente ficarão de fora das playlists de selecionadas e acabarão caindo no esquecimento.

Com um Papa cada vez mais pop, “Skeletá” talvez seja um apenas um bom disco mesmo, mas talvez o menos inspirado da carreira. Porém, vale o aviso. Em outros discos, não foram poucas as vezes em que, nas primeiras audições, achei algumas faixas bem medianas e, aos poucos, exatamente as citadas melodias me infectaram e me conquistaram de um jeito que hoje tenho até uma certa obsessão por várias dessas músicas. Então não estranhe se, lá no final do ano, esse disco entrar no meu top 10 de 2025 (acho até que provavelmente vai estar).

O Ghost é assim mesmo: 70% genial, 30% safadinho. Mas, ainda que pontuais, continua tendo momentos brilhantes e, mais ainda, com suas sempre espetaculares apresentações ao vivo, segue sendo uma banda acima da média.

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* Este texto é do nosso poploader heavy Alexandre Gliv Zampieri.