Nosso veredicto: “Every Loser”, do Iggy Pop. Sai o primeiro grande álbum de 2023

Eis aqui o primeiro grande lançamento do ano. Em um mundo em que não temos mais David Bowie nem Lou Reed, o genial Iggy Pop, 75 anos de idade, lançou hoje seu 19º disco de estúdio. O ex-Stooges não tinha mais absolutamente nada para provar com sua carreira e sua reputação já mais que enraizadas na história do rock. Mas daí chegou nesta meia-noite “Every Loser”, mais um disco bom de Iggy Pop. 

O trabalho anterior de Pop, “Free”, saiu em 2019 e não causou grandes emoções por aqui. E ficou aquela dúvida à época – “se este for o último disco dele, será uma boa despedida?”

Felizmente, este “Every Loser” conta com uma grande e essencial diferença musical: o álbum foi produzido Andrew Watt, que está mais acostumado a trabalhar com gente do pop, tipo Justin Bieber e Miley Cyrus, mas que recentemente deu uma revitalizada na carreira de Ozzy Osborne com “Ordinary Man” (2018), um trabalho bem mais interessante e arriscado que os outros lançados pelo vocalista neste milênio. 

Pop entrou em contato com Watt por meio de Morrissey (sim, aquele Morrissey), que também estava gravando com o produtor. Alguns meses depois, temos o bom “Every Loser”.

Entre os colaboradores vemos alguns dos que mais estão aparecendo nos trabalhos de Watt – Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Duff McKagan (Guns N’ Roses) e o falecido Taylor Hawkins (Foo Fighters) – e que trazem som de qualidade, além dos nomes que chamam atenção em comunicados de imprensa.

O resultado é um som vigoroso e moderno, que poderia vir de qualquer banda “atual” do rock (se é que isso existe), evitando aquela sensação de “mais um” disco de artista clássico do rock, como já estava acontecendo com Ozzy. Veremos como o Morrissey vai se sair no mês que vem.

O primeiro single, “Frenzy”, poderia indicar que este seria um álbum predominantemente pesado, mas não é o caso – “Every Loser” surpreende com a variedade. As faixas “Strung Out Johnny” e “Comments” têm uma pegada instrumental Joy-Division-quase-New-Order, com teclado e tudo – não é a primeira vez que Iggy faz um som assim, mas as duas músicas se encaixam muito bem no contexto variado, e acabam entre seus melhores momentos.

Em outros casos, como “New Atlantis”, temos um som que mais lembra o “Post Pop Depression”, o disco de Iggy lançado em parceria com Josh Homme em 2016. Claro, ainda dá para achar peso em “Modern Day Ripoff” e “Neo Punk”, que são… punk. E “All the Way Down” agradavelmente lembra o groove dos Stooges.

No geral, “Every Loser” supera “Free” e traz algumas das melhores músicas de Iggy Pop em décadas. O álbum como um todo tem um som modernizado e extremamente bem produzido. Com 36 minutos, não chega nem perto de forçar a barra.

Para quem queria as faixas mais punk, elas estão no disco; para quem queria um negócio mais pós-punk, também está lá. Atualizem suas playlists como bem entenderem.

Abaixo, algumas das faixas de “Every Loser”, que está todinho em todas as plataformas.

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* A foto de Iggy Pop usada na abertura deste post e na chamada da home da Popload é de Vincent Guignet.