* Eu adoro cantoras que falam nas músicas. Faladoras seria o correto? Não, não seria. Há um cantar nas falas de maravilhosas artistas novas, tipo a inglesa Florence Shaw (do Dry Cleaning) e a irlandesa Sinéad O’Brien, para citar a nova geração de intérpretes discursivas.
Liana Padilha, do duo brasileiro NoPorn, faz o que as citadas fazem há muito tempo. Não no indie, em outra praia, a eletrônica cool, classuda. E num outro lugar do mundo, digamos.
O NoPorn, instituição de pista das melhores festas paulistanas, agora de Liana e Lucas Freire, está lançando “SIM”, seu novo álbum, amanhã. O disco, o terceiro da dupla, que você vai poder ouvir antes na Popload, assim que acabar este texto, é NoPorn puro. Significa dizer que “SIM” chega com saudade da noite e de tudo que uma noite inspira: “energia dos corpos em movimento, o misticismo dos amantes, os clubinhos sujos e decadentes, luzes, brilhos e fumaça”. Para o NoPorn, a dança precisa continuar viva, mesmo que a “festa” seja no quarto.
Esse discurso adaptado às mudanças dos novos tempos soam poesia eletrônica na voz de Liana, como alguém que está conversando com você, no ouvido. E, mesmo que às vezes possa soar melancólico, aponta para lembranças gostosas e principalmente esperança que virão dias melhores. Noites melhores.
Mesmo com as mudanças de nossas vidas de março de 2020 para cá e mesmo com as mudanças do NoPorn que não tem mais Lucas Lauri, faço nossas as palavras da jornalista, produtora, agitadora e outras mil coisas Erika Palomino, que escreveu a apresentação de “SIM” para a imprensa, “o NoPorn continua deixando na gente que é fã o gosto pela contravenção, pela subversão, pela celebração de outros devires e outras formas de existir. Traz um romantismo não-açucarado, urbano e debochado – e muito sensual. E traz o risco. Mais maduro, o NoPorn – que é do rolê – descobriu que ninguém morre de ficar em casa: ‘A pista é a exceção’.”
Ouça, em primeira mão, o novo disco do incrível NoPorn, “SIM”, que sai às plataformas amanhã.
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