Noel Gallagher e a Madonna na balada

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* Um dos caras mais legais do rock para entrevistas, desde sempre, o nosso amigo Noel Gallagher, que tem uma camisa do Palmeiras em sua coleção dada por mim num passeio de limusine em Miami (é sério!!!), está lançando seu segundo disco solo pós-Oasis, o elogiado “Chasing Yesterday”, que saiu ontem na Inglaterra e chega hoje às lojas americanas.

Assunto deste site há alguns dias, por causa exatamente deste novo álbum cujo título aponta para o passado enquanto as músicas levam ele para longe de Oasis e de seu primeiro disco, o irmão do Liam concedeu entrevista bacana para a revista fashion “Vogue” americana.

E é exatamente por isso, por essa entrevista em particular, que ele ganha novo post da Popload.

Vou livremente traduzir partes do papo com o colaborador da “Vogue”, que também escreve para a “Rolling Stone” dos EUA, e deixar o papo fluir. Noel é f*da.

A entrevista, por telefone, estava marcada para algum horário da tarde, quando alguém da equipe de Noel ligou para o jornalista para adiar por algumas horas a conversa, porque Noel estava ocupado com os preparativos do primeiro show de sua turnê, que acontece hoje em Belfast, Irlanda do Norte. Mas aí finalmente rolou…

Vogue – Então você está ocupadão hoje com um monte de coisas acontecendo e fazendo os preparativos finais para seus shows?
Noel Gallagher –
Foi isso que disseram a você?

Vogue – Sim, me falaram isso.
Noel –
Posso contar o que realmente aconteceu hoje?

Vogue – Por favor!
Noel –
Saí ontem à noite com minha mulher, e não conseguimos chegar em casa antes das 6h10 da manhã. Acabei de acordar, uns 25 minutos atrás. Tô numa ressaca de matar.

Vogue – E eu aqui pensando em você cuidando das pirotecnias do palco e ensaiando as danças novas da turnê…
Noel –
Quem você pensa que eu sou, Chris Martin? E, falando em “Vogue”, você sabe com quem eu estava ontem à noite?

Vogue – Conte-me.
Noel –
Estive com Madonna em uma festa feita para ela.

Vogue – Ela levou um médico para ajudar a aliviar as feridas? [se referindo ao tombaço que ela levou durante a noite de entrega dos Brit Awards, em Londres]
Noel –
Não. Acho que apenas seu ego estava ferido. Não tenho certeza se ela estava tão machucada assim, ontem. Me parecia tudo certo com ela. Minha mulher é superfã dela. Minha mulher realmente pensa que ela é um dos maiores seres humanos que já viveu.

Vogue – Você não acha a mesma coisa?
Noel –
[Um looooongo silêncio antes da resposta diplomática] Ela é legal. Ela é legal. Ela é bem legal.

Vogue – Que tipo de coisa você conversa com a Madonna?
Noel –
Bem, é gozado mas não consigo lembrar o que falamos, porque eu estava tombando de bêbado. Na verdade, não lembro de muita coisa de ontem à noite.

Vogue – Tirando essa festa, que tipo de relação você tem com o mundo fashion estes dias? Eu sei que você e seu irmão, nos tempos do Oasis, frequentavam as rodas de moda [quase sempre com a Kate Moss envolvida], e o Liam até começou um negócio com uma linha de roupa, a Pretty Green.
Noel –
Todo mundo gosta de roupas bacanas, mas eu não sou dessa escola que acha que um cachecol pode mudar o mundo. Eu gosto de comprar roupas bonitas, mas eu não costumo a achar que elas são mais que roupas bonitas. Uma coisa que me difere da porra do meu irmão é que ele sempre foi obcecado em estar bem vestido. E eu continuo obcecado em ser bom. Desde que a música que eu faço seja boa, ninguém está cagando para o que eu estou vestindo. Se suas músicas são boas, elas vão parecer melhor se você está vestindo tão bem quanto os idiotas do Maroon 5. As tatuagens deles desviam a atenção para o fato de que eles são uns merdas. Ok? Mas com o Oasis era algo como “Deus, aquelas músicas malditas são boas”. É tudo por causa da música.

Vogue – Seu disco novo parece se distanciar bastante de seus trabalhos anterioes, incluindo seu primeiro disco solo. Você concorda?
Noel –
A música mais recente que eu escrevi é a faixa “The Right Stuff”, OK? Se você comparar essa música com a primeira que eu lancei, “Supersonic”, provavelmente elas vão parecer bem distantes uma da outra, mas se você me acompanhou durante esse tempo, parece natural.

Vogue – Como você explica a sonoridade desse novo disco comparada a do Oasis?
Noel –
Vou fazer uma analogia. Se você resumisse a minha carreira usando filmes, o Oasis seria uma mistura de O Lobo de Wall Street com O Resgate do Soldado Ryan — guerra e caos. Meu primeiro disco solo era tipo um Titanic — uma história de amor — e esta parte da minha carreira agora é tipo uma série de TV descolada, como Breaking Bad. Yeah?

Vogue – Na verdade, vou ter que refletir muito sobre isso.
Noel –
Bem, o Oasis era tipo um filme blockbuster de ação, dá para entender? Aviões despencando em praias… e agora é tudo mais sereno e majestoso e interessante. Um filme é uma história, mas uma série pode durar meses e penetrar no cérebro e ter reviravoltas, que é como eu vejo esse trabalho no momento.

Vogue – O novo disco tem participações femininas. De onde partiu essa ideia?
Noel –
Uma tarde – acho até que eu estava no banho, estava ouvindo The Kinks no quarto e reparei nas garotas fazendo backing vocal em “Waterloo Sunset”. Tive a ideia de usar uma menina ao invés de fazer eu mesmo o backing vocal. Gosto do resultado, ficou fino.

Vogue – Você foi ao Brits na semana passada?
Noel –
Vi pela TV.

Vogue – O teu irmão Liam tuitou “Kanye West. Uma grande merda”. Você tem a mesma opinião?
Noel –
Eu gosto dele porque eu o acho muito muito divertido. Gosto das entrevistas dele — quase tão boas quanto as minhas — e gostei da apresentação dele no Brits. Se bem que eu acho que é melhor ouvir a música dele bem baixo. Adoro “Black Skinhead”– acho essa faixa demais — e gosto dele porque ele é quase que d eoutro planeta, mas não diria que sou um super fã da música que ele faz.

Vogue – Fica mais difícil, para um cara do rock como você, criticar a música pop que os Brits normalmente glorificam, como Ed Sheeram e One Direction, agora que sua filha adolescente está curtindo tudo isso?
Noel –
Claro. Ela curte de verdade. Há esperança, porque ela me disse dia desses: “Escutei Stone Roses ontem. Até que eles eram bons, não eram?”. E eu “sim, do caralho”. Mas ela tem que descobrir sozinha. Nós não temos tipo um “Domingo dos Beatles” em casa, onde a gente senta e discute o White Album. Bem, não mais — pelo menos desde o incidente [ risos ]. Mas a molecada tem que fazer sua próprias escolhas. Não quero que a coleção de discos da minha filha seja a mesma que a minha! Não quero que ela seja tão cool quanto eu.

Vogue – É certo dizer que você e seu irmão Liam são opostos em todos os aspectos: opiniões, crenças, interesses?
Noel –
Sim.

Vogue- Existe alguma coisa em que vocês se pareçam, além do DNA que vocês carregam?
Noel –
Nós dois acreditamos fielmente no Manchester City, nosso time de futebol. É a única coisa que temos em comum. Tirando isso, são dois lados da mesma moeda e é isso que fez do Oasis o que a banda foi: as minhas músicas com o caos e a pirotecnia dele. E um lado não existiria sem o outro. O Liam sem mim claramente não deu certo. E eu sem ele, nunca vou lotar estádios pelo mundo, mas posso viver sem isso.

Vogue – Vocês vão aos jogos juntos?
Noel –
Não, mas nos vemos nos jogos às vezes.

Vogue – Vocês trocam presentes de Natal?
Noel –
Nunca na vida.

Vogue – O que você pode dizer de bom sobre o Liam? Qual a sua melhor qualidade?
Noel –
Ele sempre se mantém fiel a ele mesmo. Eu admiro pessoas que que estão pouco se fodendo pro resto. Ele tem essa liberdade e isso é bom, eu acho. Eu tenho um pouco disso, mas tenho um outro lado que se importa e isso te desacelera um pouco. O Liam é inconsequente e todo mundo gostaria de ser assim às vezes. Ao menos por um dia pelo menos — não dá para viver assim.

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