Morrissey, em São Paulo, faz um show para fãs de Morrissey. Lide com isso!

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* Se tem um conselho que a gente deve seguir, além do uso contínuo do filtro solar, é o de sempre ver os dois shows de seu artista preferido na cidade. Onde você estiver. As chances de um ser infinitamente melhor que o outro são grandes. Ou apenas completamente diferentes, e assim, você continua ganhando. Nessa conta entram setlist, o público, a casa de shows, o dia, a distância, o humor da banda… Tudo pode acontecer e ter duas experiências diferentes ouvindo o que ainda te emociona não pode “dar ruim”. Conselho dado.

No caso do Morrissey, maior-inglês-vivo que praticamente morou um São Paulo por uma semana, os dois shows feitos por ele na cidade foram tão distintos um do outro que não dá para saber se alguém saiu perdendo. Porque depende mesmo de que lado você estava (Smiths x Moz). E, devido ao estado debilitado do cantor, pode ser que essa tenha sido a última turnê dele por aqui. Por esse lado, saímos todos ganhando, não? Digamos até que saiu perdendo quem deixou de ver o fenômeno-indie Mac DeMarco (FENÔMENO com letras maiúsculas mesmo, mas isso é assunto para outro post) em um festival mais indie ainda e que, segundos relatos, foi uma das noites mais divertidas do ano?

Apenas pela escolha cruel clássico x hype, que fique claro. Porque se você procura diversão em um show do Morrissey, está mais perdido que a menina que pedia sem parar, em português, que ele parasse de fazer discurso entre uma música e outra. Determinada, reclamou do setlist a noite toda, dizendo ao final que iria ao karaokê mais próximo para “poder cantar as músicas que ele deixou de fora”. Céus. O show de sábado foi cruel para os fãs de Smiths. Mais cruel ainda para esse tipo de fã, que realmente achou que fosse cantar a noite toda. Foi um show para fãs do Morrissey. Um show para fãs MUITO fãs do Morrissey.

E neste sentido, foi um show lindo, como ELE queria que fosse. Sentimos falta de alguns hits recentes de sua prolífica carreira solo, dois deles presentes no show do Teatro Renault, como “First of the Gang to Die”, “Irish Blood, English Heart” e “Let Me Kiss You”. Foi uma apresentação intensa e emocionante em muitos momentos, contrastando com a frieza (tédio? cansaço?) do público nas canções mais lentas/”desconhecidas”. A voz estava forte, sem as tosses do show anterior. Ele caprichou nas interpretações, parecia realizado e feliz (*na escala de 0 a Adele, ok?), cumpriu o seu ritual de reclamações políticas, fez gente desmaiar na plateia com cenas de animas sendo abatidos, etc. Mas nada de Smiths (OK, três músicas, mas não aquelas que quem vai a um show ~dos Smiths~ está esperando ouvir: fora as sempre presentes “The Queen is Dead” e “Meat is Murder”, tocou apenas “What She Said”). Na terça, por exemplo, ele desempenhou “This Charming Man” AND “How soon is now”…

Em carreira solo desde 1988 (!!), o fato mais cruel, na verdade, é que ainda se insista nesse tipo de reclamação, não? É Morrissey sendo Morrissey para fãs de Morrissey há quase trin-ta anos. Lide com isso!

** As fotos, a deste post e da home, são de Wesley Carlos, para a Rock Noize.

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1 comment

  1. Lucio, não sei se vai lembrar mas antes do shiw no telão passou um clipe que o vocalista estava vestido de palhaço… Sabe que banda é ?

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