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* O movimento negro gerou algumas das mais barulhentas manifestações em 2020. Mas tem uma quase em silêncio, sem cara, que termina por ser musical, maravilhosa. É a da banda Sault, coletivo que mistura disco music, eletronices e R&B. Banda esta que ninguém sabe quem é, de onde é exatamente, já que não distribui fotos, não posta nada na internet, não faz show (até porque…) e tem um ralo verbete na Wikipedia.
Lançou dois discos no ano passado (com números como nome, “5” e “7”) e dois neste ano (ambos “sem título” como título). O último destes quatro álbuns saiu sexta passada. Contas feitas, os quatro discos cheios saíram em 18 meses, um ano e meio. E o “pior” (MELHOR): todos muito bons.
Pegando este “Untitled (Rise)”, o da sexta-feira, que coisa linda, variada, negra, que tem R&B absurdo, sambão pesado, dance anos 70, levada jazz e moderníssimo trip hop que parece ter pulado de um disco do Massive Attack, tudo junto e misturado, sem perder a linha, sem ser esquisito, cada faixa tirando da gente um “uou!” espontâneo.
O disco é o mais legal e “fácil” dos quatro. Algo como se esse fosse nota 10 e os outros 9,5.
Aqui e ali, mensagens na linha Black Live Matters bem pontuadas, sem parecerem panfletárias, mas como se fossem “naturais” para os tempos que vivemos, tipo botar na letra uma linha romântica seguida por uma linha sem provocar solavancos.
No “Guardian” foi falado que o Sault fez o disco do ano, duas vezes, em referência a estes dois lançamentos de 2020. Dois lançamentos em três meses!!!! Aliás, se tem uma banda ou um disco que representam 2020 em várias formas, estes são Sault e “Untitled (Rise)”.
Cace a banda e escute. A gente deixa por aqui três das músicas mais marcantes deste álbum. Para a sua sublime apreciação.
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