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* O Mel Azul morreu. Viva o Mel Azul.
Nunca vi uma banda mudar tanto de um disco para o outro, mas a explicação já está de cara na faixa de abertura do álbum “Bonde do Esgoto”, o segundo do hoje quinteto paulistano Mel Azul, que até outro dia era uma banda indie instrumental com levada de jazz e agora virou mais mana que o Emicida, mais bad-ass que a Comunidade Nin-Jitsu.
Pelo que eu entendi o que eles falam na música “Essa É pras Criança”, que abre o disco a ser lançado em outubro e pré-lançado amanhã em São Paulo, é algo assim: “Começamos com uma banda instrumental. Mas era só brizinha, não tinha vocal. O tempo se passou e o que aconteceu? Os galhão virou fumaça e nóis pegou no breu”. Está na letra, dando a letra.
O breu que a Mel Azul pegou levou a banda para o escracho, da sutileza instrumental a um rap rock de moleque de periferia, com português ruim porque lá as linguagens são próprias e não seguem normas. O Mel Azul do segundo disco rompeu para sempre com o Mel Azul do primeiro. Antonio Carvalho, Antonio Paoliello, Gustavo Prandini e Alexandre Silveira viraram Dedo Sujo, MC De La Veiga, MC Moleque, Prodígio e Doctor Hermann. Não no mesmo número e não sei em qual odem.
Capa do primeiro disco do Mel Azul, à esq., e a que estampará o segundo álbum: sente a diferença?
A parada ainda é confusa e talvez nem o próprio Mel Azul não entendeu ainda para onde está indo. Mas isso neste caso não significa algo ruim. Já li “rap psicodélico”, “funkadelia eletrônica”, inúmeras nomenclaturas para tentar explicar os novos caminhos do som da banda, que definiu seu novo estilo de um modo direto e reto: “rock foda”.
Mas no meio da situação turva tem a tal “energia”. E isso tira a banda da confusão pela confusão. Tem muitas coisas interessantes nesse “Bonde do Esgoto” exatamente nesse diálogo difícil de rap atual com rock atual.
E, bom, tudo isso começa a ser destrinchado neste sábado, quando a banda toca a nova fase, o novo disco, as mudanças de modo ao vivo em show de “pré-lançamento” de “Bonde do Esgoto” na Redbull Station, no sábado à tarde, ali no Centrão de São Paulo.
A festa é do selo Uivo, que lançou recentemente o bonzão “Primal Swag”, da banda INKY. Na balada, marcada para começar às 16h, além do Mel Azul tocam também a própria INKY e a banda chilena Astro, entre outras atrações. A Red Bull Station fica na Praça da Bandeira, 37.
Com exclusividade, do disco novo, “Bonde do Esgoto”, a Popload traz a faixa “Dr Hermann”, que conta com o backing vocal, o lado feminino, da vocalista Luíza Pereira, da Inky. Doidinha a música. Confira.
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