Lil Yachty e um dos melhores discos de rock do ano (lançado por um rapper)

Dentre os lançamentos musicais da última sexta-feira, o que mais se destacou nas redes sociais certamente foi “Let’s Start Here”, o disco de rock psicodélico (!) do rapper (!!) Lil Yachty, da Georgia, mas que adotou a cena de Nova York para deslanchar na carreira. Nele, Yachty trocou o seu típico som de trap e hip-hop por influências de Pink Floyd, Tame Impala e Radiohead. Calma, explicamos. 

Lil Yachty afirmou que fez “Let’s Start Here”, este seu quinto álbum, capa abaixo, com a intenção de “ser levado a sério como artista, não apenas um rapper do SoundCloud, alguém que só teve um sucesso”. Ele costuma(va) categorizar sua música como “bubblegum trap”.

Yacthy acrescentou: “Muita gente estava começando a imitar meu estilo. Então eu pensei: ‘Tudo bem, se todo mundo consegue fazer isso aqui, vou te mostrar algo que vocês não conseguem fazer’.”

Não é incomum vermos artistas de hip-hop fazendo discos de rock. Machine Gun Kelly com “Mainstream Sellout”, Kid Cudi com “Speedin’ Bullet 2 Heaven”, Lil Wayne com “Rebirth” – aventuras pelo mundo das guitarras, todas de qualidade bem questionável, aquém do que os rappers fazem em seus trabalhos tradicionais.

A aventura de Lil Yachty foi mais bem-sucedida, de bom gosto. A quantidade de vídeos de reação no YouTube (pesquise “Let’s Start Here reaction”) mostra o buzz que o trabalho já causou, e as reações em si são majoritariamente positivas. Enquanto há gente insistindo que é apenas “Um mid Tame Impala”, há outros tantos dizendo que é “O disco do ano já em janeiro”. 

A melhor forma de você entender do que estamos falando é ouvir a faixa inicial, “the BLACK seminole.”, com um instrumental que poderia ter saído de qualquer um dos discos mais celebrados do Pink Floyd (a fase entre “The Dark Side of the Moon” e “The Wall”).

No restante do álbum, a maioria das músicas pega uma sonoridade igualmente psicodélica, mas que mais lembra Tame Impala, mesmo. Felizmente, como a voz de Lil Yachty nem sempre é o mais adequado para o estilo, há um uso deliberado de vocais femininos em diversas faixas. 

Para não nos prolongarmos aqui, recomendamos que você escute “Let’s Start Here”, tendo ou não interesse no artista que o produziu. É uma jornada. E certamente é superior ao álbum “The Slow Rush”.