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* Não, não é a Lucioland…
* Hoje é quarta-feira. E às quartas rola em Los Angeles, Califórnia, a festa Low End Theory, no clube Airliner, uma biboca de uma quebrada qualquer de La-La Land, quando Los Angeles lembra mais mesmo seu apelido de Cidade Perdida. Enfim. Desde o ano passado tinha ouvido muito falar que o que rola de interessante-novo-inventivo na música anda saindo de lá, dessa balada. O Tyler the Creator e sua tropa são frequentadores assíduos, o dubstep “american-way” pegou força ali, um certo renascimento do drum’n’bass ganhou espaço no clube, o lugar é frequentado por muitos indies. Perceba o leque de estilos que a Low End Theory agrega. Imagina o que virou essa balada depois que, por TRÊS vezes, o Thom Yorke, do Radiohead, apareceu no clube. A primeira para dançar, como um curioso frequentador, as outras para tocar como DJ.
A Low End Theory realmente é f*da. O flyer virtual indica que a festa é feita de “Psychedelic, glitch, avant-rap, IDM, dubstep & YOU!!!”. E, chic, acontece todas as quartas em Los Angeles desde tipo 2007/2008, e agora nas primeiras sextas do mês em San Francisco e de quatro em quatro meses no Japão (em Tokyo, Osaka, Sapporo e Himeji). Os caras não são fracos.
O espertíssimo Flying Lotus, em quem o Thom Yorke é encanado, foi parar no Coachella deste ano, no South by Southwest de 2010 e de 2011, tocou no Sesc Belenzinho não faz muito tempo e é atração das boas do Sónar SP agora em junho, é residente do lugar. Quando não está em turnê, agora que é famosão. O Gaslamp Killer, que mistura drum’n’bass, Odd Future, dubstep e Nirvana na mesma música, fazendo total sentido, é outro que se apresentou no Coachella 2012, com a tenda cheia. Outro que é residente no Airliner às quartas é o DJ Nobody, também famosinho na cena, com um fã-clube em Singapura (!?), que lança discos e já foi considerado “geniosinho” tanto pelo jornal “LA Times” quanto pelo guia “LA Weekly”, que sempre recomenda obrigatoriamente suas baladas.
Enfim, tentei ir ao Low End Theory em 2010 e fracassei. O mesmo em 2011. Neste ano, pós-Coachella, rolou. O clube, de dois andares, é o mais tosco possível. No térreo, um retângulo compridaço, tem o bar, tinha um negão pintando uma tela, uns chicanos vendendo discos de DJ locais e de grupos novos de rap, tudo muito esprimido. Sobe-se uma escada e chega a pista, escuraça, tirando a parte do palquinho com DJs, que é iluminada incessantemente por azul e laranja, predominando em rajadas de luzes bem fortes. Bar e fumódromo que dá para uma rua feia nos fundos.
Um dos cartazes da Low End Theory, com o anão de “Twin Peaks” (David Lynch) enfeitando
Me chamou a atenção uma coisa. A Low End Theory é uma balada, tem DJs como atração na maioria das noites, mas ninguém dança na pista. Fica todo mundo de frente para o palco, olhando para quem está tocando, tipo prestando super atenção. Acho que isso é o que dá o sinal da importância da festa. Todo mundo vai lá para garimpar, saber o que está acontecendo.
Não lembro quem estava tocando na noite, direito. Preciso verificar, vai que é um futuro famoso da música, haha. Sei que tinha os residentes Nocando e Nobody, uma garota eletrônica cool, um grupo de hip hop um pouco chato, dois moleques fazendo umas colagens de indie-hip hop e eletrônico bem legais e, no fim, foi anunciado que, por acaso, o Flying Lotus estava na casa. O primeiro set dele depois do Coachella. Foi lindo.
Fiz um videozinho tosco de iPhone, rapidinho, para tentar transmitir o clima da balada. Vai que você vai estar em Los Angeles numa quarta-feira dessas próximas.
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