Johnny Marr se posiciona novamente contra a volta dos Smiths, mas à favor do Kneecap. Está bom assim?

O grande Johnny Marr, lendário ex-guitarrista dos Smiths, voltou a ocupar os holofotes nos últimos dias por dois motivos que, embora distintos, têm um ponto em comum: sua coerência e firmeza em defender seus princípios (concorde ou não).

Durante uma participação recente no podcast Stick to Football, Marr revelou que não seguiu o exemplo de seus amigos Noel e Liam Gallagher e recusou uma proposta milionária para uma reunião dos Smiths em 2025. O projeto previa uma turnê mundial ao lado de Morrissey, mas ele não hesitou em dizer não.

“Foi um pouco por princípios, mas eu não sou idiota. Só acho que a vibe não está certa”, explicou. Segundo ele, além de questões pessoais, pesou também o fato de estar satisfeito com sua carreira solo. “Era uma quantia de dinheiro de fazer os olhos lacrimejarem, mas eu realmente gosto do que estou fazendo agora, o que torna a decisão muito mais fácil. Ainda quero escrever a melhor música que já fiz. Quero ser um artista melhor.”

Embora a manifestação do guitarrista tenha sido recente, a notícia da proposta por uma volta dos Smiths explodiu há alguns meses. Morrissey, que tem show marcado no Brasil no final do ano, chegou a aceitar a proposta. Em entrevista no ano passado, o cantor afirmou que topou porque acreditava que seria a última chance de algo assim acontecer. “Todos nós começamos a envelhecer. Achei que essa turnê seria uma forma de agradecer às pessoas que nos ouviram por aquilo que, de repente, parece uma vida inteira. Não foi por nenhum apego emocional ao Marr. Absolutamente nenhum”, disse à época, deixando um fio de esperança, logo quebrado por Marr. “Ele me parece tão inseguro e cheio de medos quanto era nos anos 1980”, disparou.

Se por um lado Johnny é totalmente contra uma volta dos Smiths, ele manifestou seu apoio incondicional ao grupo irlandês Kneecap, que enfrenta uma onda de críticas e pressão por seu posicionamento pró-Palestina, incluindo pedidos para que o show no Glastonbury 2025, semana que vem, seja cancelada ou censurada.

Apesar da controvérsia, o festival manteve a banda na programação oficial. A BBC, que transmitirá o evento, confirmou que o show vai ao ar, embora tenham surgido pedidos para que discursos políticos sejam cortados da transmissão.

Em resposta ao ocorrido, Marr publicou uma nota enfática defendendo o direito à expressão política no palco. “Toquei muitas vezes no Glastonbury e o festival sempre teve esse aspecto político. Ele foi fundado como um espaço de liberdade e ativismo. Em 1984, só aceitei tocar lá com os Smiths porque, naquele momento, aquilo era um ato político”, relembrou.

O guitarrista também ressaltou que sua postura nunca foi segredo para ninguém. “Vivemos tempos perturbadores, mas quem acompanha meu trabalho há 40 anos sabe que minha posição sempre foi clara. A opressão teme a arte. Respeito profundamente os artistas que usam sua voz para denunciar injustiças, promover empatia e dar espaço a quem não tem”.

Marr encerrou sua declaração com uma mensagem direta e contundente: “Estou ao lado do meu público e dos músicos que pedem o fim imediato das atrocidades e por uma Palestina livre”.