“In Utero”, o disco “brasileiro” do Nirvana, faz 30 anos e ganha edição histórica

É aquela água. Efemérides de discos importantes você vai falando de tempos em tempos, mudando só a data de ocasião. Mas no caso do peeeeeso de um disco como o histórico “In Utero”, do Nirvana, o terceiro da banda de Kurt Cobain, não dá para fugir. Precisamos falar de cinco em cinco anos pelo menos. Porque a história é muito boa e nos envolve.

Fui até buscar o texto em que falamos dele em 2018, quando o álbum comemorava seus 25 anos (o “In Utero” saiu em 21 de setembro de 1993). Para trazer para cá os melhores momentos deste post, acrescido da ação celebratória da hora.

E lá atrás escrevi assim (modificado com a necessária atualização da data mencionada).

* Bom, o Nirvana foi a maior banda de rock que já existiu, fato que ninguém discorda, né? Banda punk para quem gostava de punk. Banda metal para metaleiro. Banda (quase) pop para quem curtia um som mais… pop. Kurt só não viveu muito tempo para trazer experimentações eletrônicas ou convidar algum rapper para cantar alguma faixa, porque olha…

Dito isso, viemos aqui para celebrar o aniversário de 30 anos do álbum “In Utero”, o terceiro e derradeiro da banda, lançado lá em setembro de 1993, e também conhecido como O DISCO BRASILEIRO do grupo do mitológico Kurt Cobain.

Brasileiro porque o Nirvana veio ao país no meio daquele rebuliço grunge-MTV-mundo musical de ponta-cabeça para tocar num final de semana em São Paulo, para 80 mil pessoas (há quem jure que tinha 120 mil), o maior público da história da banda, para no final de semana seguinte se apresentar no Rio de Janeiro, outro concerto famosão, transmitido pela Globo, cusparada na câmera, aquele auê.

Tudo no festival Hollywood Rock, inacreditável em todos os sentidos, que aconteceu em janeiro de 1993.

No intervalo entre um show e outro, na semaninha livre, o Nirvana se trancou em um estúdio carioca, da BMG/Ariola, e fez sessões de gravações de boa parte do “In Utero”, o seu último registro. A idéia era a de que o grupo levasse de volta para os EUA umas demos e entrasse a sério num estúdio, o que aconteceria assim que botaram os pés na América, sendo trancafiados numa estação em uma cidadezinha pacata de Minnesota. A banda teria levado, do Rio, oito rolos de fita com 20 horas de gravações.

O negócio é que o trio saiu deste período de estúdio americano com o “In Utero” prontinho em 12 dias. E algumas das canções usadas no disco são praticamente a pré-produção gravada no Brasil, com poucas mudanças e buriladas técnicas, o que fez os chefões da Geffen desconfiar de que teriam um álbum não tão milionário de vendas como o revolucionário “Nevermind” (1991), por conta da genialidade abalada de Cobain, o saco cheio geral e o vício de heroína pesadíssimo, coqueteleira que o levaria a morte dali a menos de 1 ano.

Cerca de oito das músicas que entraram no “In Utero”, tipo “Heart-Shaped Box”, “Milk It”, “Scenteless Apprentice” e “Moist Vagina”, sõo praticamente as versões demo gravadas no Brasil. 

Eleito na época como “disco do ano” por publicações como “LA Times” e “Rolling Stone”, “In Utero” ganha no próximo dia 27 de outubro, de novo, uma absurda reedição de luxo em 2023, para comemorar seus 30 anos. Falaremos dela já, já.

Ainda sobre “In Utero” versão brasileira, no show do Rio a banda tocou pela primeira vez, ao vivo, duas das músicas que entrariam no disco. “Heart-Shaped Box” e “Scentless Apprentice”.

Para celebrar o “In Utero”, a Popload bota o álbum todo para tocar, abaixo.

Cheers, Kurt!!!


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* Em outubro, mais precisamente no dia 21, sai nos EUA uma reedição especial e comemorativa do “In Utero” em vários formatos. Tem uma supercaixa com oito discos em vinil (acima), tem outra caixa luxuosa com 5 CDs, tem o vinil original remasterizado mais um vinil de 10 polegadas de bônus, tem uma simples edição deluxe com dois CD e, claro, uma caprichada edição digital .

Essas edições deluxe em caixas incluem 53 canções nunca lançadas, ainda com dois shows ao vivo do Nirvana, da In Utero Tour, que nunca saíram.

Para entender mais de toooooooodos os formatos do “In Utero” 30 anos e o que tem em cada um deles é só entrar aqui.

Se tudo isso já tivesse saído era só levar no fim de semana, na porta do hotel, para o Dave Grohl autografar, né?

E agora é só esperar o aniversário de 35, 40 anos, para republicar este texto, atualizado.