O Foo Fighters se foi, mas deixou uma reflexão…

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* Post feito com uma ajuda do enviado especial ao Mineirão, Alisson Guimarães.

** É inegável o poder que Dave Grohl tem para segurar grandes públicos e fazer do Foo Fighters, talvez, uma das “últimas” grandes bandas de rock para estádios no mundo, dessas que nasceram indies de gueto e foram crescendo, crescendo. Com 20 anos de estrada e uma experiência anterior de ter feito parte de uma das maiores bandas de todos os tempos, o vocalista sabe dosar com sua banda momentos de rock pesado, baladas intimistas e também um falatório que faz dele uma espécie de releitura de Bono simpaticão, mas com os problemas do mundo deixados de fora nos papos.

A banda americana encerrou sua mais longa passagem pelo Brasil na noite de ontem, em Belo Horizonte, em show que levou 18 mil pessoas ao espaço externo do estádio Mineirão, a Esplanada. A apresentação foi a quarta no país em uma semana. “Antes, tínhamos tocado aqui [no Brasil] só duas vezes”, relembrou Dave em um dos diversos momentos em que faz da arena uma espécie de mesa de bar, conversando com os fãs.

Antes da capital mineira, o Foo Fighters havia se apresentado em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Mas a presença do grupo na América do Sul, no auge de sua carreira, com disco bombado recém-lançado, não tem sido suficiente para literalmente lotar estádios e arenas na América do Sul.

O ano de 2015, com o Foo Fighters de personagem, pode estar querendo nos mostrar algo.

O primeiro show da banda na região nesta turnê deixou um recado antes mesmo de ser realizado, no Chile. Previsto para ocorrer em um estádio para 50 mil pessoas, a apresentação em Santiago foi transferida para uma pista de atletismo anexa ao mesmo, que tem metade da capacidade. Mesmo assim, o Foo Fighters levou 18 mil chilenos ao local.

Na Argentina, reduto reconhecidamente rock’n’roll na América Latina, Dave Grohl & Co. conseguiram botar 30 mil pessoas em um estádio que cabem 45 mil. No Brasil, São Paulo e Porto Alegre tiveram taxa de ocupação praticamente esgotada, mas o do Maracanã, apesar de todo o charme, teve cerca de 20 mil ingressos não comercializados.

Belo Horizonte viveu uma situação parecida com a dos chilenos. O show estava inicialmente marcado para acontecer em uma arena chamada Mega Space, com capacidade para 45 mil pessoas. Foi transferido para o Mineirão em um espaço que cabe a metade e mesmo assim não foi “sold out”. Nos últimos dias, promoções de última hora feitas por lojas da rede varejista ofereciam cupons com 50% de desconto para ver a superbanda.

Tudo indica que a economia instável aliada ao alto custo para se trazer shows deste porte podem influenciar em uma sensível desaceleração de grandes turnês não apenas no Brasil, mas em toda a América do Sul. Até agora, o desenho do segundo semestre de shows brasileiros mostram outras três enormes turnês visitando a região: Rolling Stones, AC/DC e Pearl Jam. Mas todas mais para o fim do ano, quando a poeira baixar e o terreno estiver com menos incertezas. Ou não.

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** O SHOW

Como tudo na vida tem seu lado positivo, a mudança de local agradou e muito aos mineiros. Com acessibilidade bem mais fácil para quem mora em BH ou sai de outras cidades, a Esplanada do Mineirão viveu uma noite intensa, que tinha tudo para ser um tanto caótica diante da possibilidade iminente de cair uma chuva de proporções bíblicas na cidade. Durante os shows de abertura das bandas Raimundos e Kaiser Chiefs, quem fazia a festa mesmo eram os vendedores das famosas capas de chuva, comercializadas até por R$ 25 no entorno do estádio.

Em sua hora, pouco depois das 9, o Foo Fighters subiu ao palco com uma imagem da Igreja da Pampulha no telão e mandou logo sua ótima “Something from Nothing”, faixa de abertura do disco novo, “Sonic Highways”. A provável chuva ficou apenas na ameaça e a banda americana emendou hit atrás de hit na primeira hora do show, de “The Pretender” a “Learn To Fly”, de “Breakout” a “My Hero”. Até um Dave Grohl cover apareceu no palco para enganar a galera.

A segunda metade do show entra no quesito “Dave Grohl dominando multidões”. O de sempre dessa turnê. Com um segundo palco intimista no meio da arena, ele-Dave e depois a banda se aproximam mais da galera do fundão, nesta que se convencionou uma das maiores polêmicas de shows nos últimos tempos – pista VIP e pista comum -, mas que o Foo Fighters encontrou uma brecha para amenizar. Além de versões acústicas para “Wheels” e “Skin and Bones” com Dave ao violão, e da edificante “Times Like These”, que começa acústica e termina explosiva em full band, os americanos aproveitam para tocar “suas músicas favoritas no rock”, que vão de Kiss a Queen.

Os mineiros ainda ganharam um presente com uma releitura mais que honesta de “Let There Be Rock”, do AC/DC, novidade nos shows do Foo Fighters até ontem à noite.

Talvez este tenha sido um pequeno pedido de desculpas da banda americana com o público de BH, já que no fim dos anos 90 a banda cancelou um show que faria na cidade faltando poucos dias para a apresentação, sem dar maiores explicações.

Após a sempre gloriosa e falada performance de “Best Of You”, Dave prometeu que voltará à capital mineira em turnês futuras e disse que o Foo Fighters não é dessas bandas que saem do palco e voltam para o bis. “Nossa forma de dizer adeus é esta”, pregou antes de iniciar os acordes de “Everlong”, dando fim ao show de duas horas e meia que empolgou os mineiros.

O Foo Fighters segue para a Colômbia onde fecha a turnê latina no próximo domingo, em Bogotá.

Mas, no fim, fica a pergunta. Dave, o que…

* Confira uns vídeos doidos de galera.

* Foo Fighters em Belo Horizonte, setlist
Something From Nothing
The Pretender
Learn to Fly
Breakout
My Hero
Big Me
Congregation
Walk
Cold Day in the Sun
In the Clear
I’ll Stick Around
Monkey Wrench
Wheels (acústica)
Skin and Bones (acústica)
Times Like These
Detroit Rock City (KISS cover)
Tom Sawyer (Rush cover)
Let There Be Rock (AC/DC cover)
Under Pressure (Queen & David Bowie cover)
All My Life
These Days
Best of You
Everlong

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