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* Popload em Barcelona. Com um olho ali na Inglaterra on fire.
Está marcada para o mês que vem uma audiência envolvendo o semanário inglês New Musical Express e o maior britânico vivo, Morrissey, que passou pelo Brasil recentemente e é dileto amigo da Popload, você sabe.
O motivo é uma entrevista que foi matéria de capa da NME em novembro de 2007, na qual Morrissey critica abertamente a “identidade da Inglaterra”, que estaria sendo perdida devido ao alto número de imigrantes vivendo no país, fato que o teria motivado a não morar mais lá (atualmente ele reside em Los Angeles).
De acordo com Moz, suas palavras foram distorcidas na entrevista concedida ao jornalista Tim Jonze. A matéria apresenta falas do ex-líder dos Smiths como: “A Inglaterra é agora história. As comportas estão abertas e qualquer um pode ter acesso a esse país. Se você vai para a Alemanha, ela ainda tem cara de Alemanha. Se você vai para a Suécia, ainda há uma identidade sueca. Mas vá para a Inglaterra e não terá a menor ideia de onde está”.
Na época, Moz e seu staff consideraram que a NME tirou suas declarações do contexto, dando a entender que o cantor era racista. Também na época, em texto publicado no jornal Guardian, Tim Jonze afirmou que as declarações de Morrissey estavam “100% corretas” e que foi feita uma segunda entrevista via telefone na qual o cantor confirmou suas polêmicas opiniões.
No entanto, houve inclusive um stress interno na NME, pois Tim Jonze considerou que o texto foi reescrito pelos editores da revista, fato que o fez solicitar a exclusão de seu nome da matéria.
Desde então, Morrissey tratou o assunto na justiça. No final de 2011, o cantor chegou a dizer que, se a NME se retratasse, poderia retirar a tal ação judicial. “Em vez de simplesmente dizer ‘sorry’, a imperiosa NME prefere gastar centenas e centenas de milhares de libras em um duelo no Supremo Tribunal até a morte. O fato de terem escolhido um drama judicial ao invés de simplesmente pedirem desculpas reforça a ideia de que a intenção original deles foi de inventar uma sensação”, criticou.
Só que esse tão esperado pedido de desculpas chegou. Em comunicado divulgado ontem, a NME tentou aliviar a tensão sobre o imbróglio. “Queremos esclarecer que não acreditamos que ele seja racista. Não achamos, na época, que estávamos dizendo que ele era e pedimos desculpas a Morrissey se ele ou qualquer outra pessoa entendeu nossa matéria dessa forma errada. Nossa intenção nunca foi chatear Morrissey e esperamos que assim ambos possam voltar àquilo que fazemos melhor”.
Resta saber se Moz vai retirar a ação na Justiça, a menos de um mês para a audiência.
Essa batalha é chamada de “Mozgate Part II”, já que foi o segundo desentendimento nervoso entre Moz e a publicação. No início da década de 90, a NME chegou a apontar que as músicas “Glamorous Glue” e “National Front Disco” – ambas do álbum “Your Arsenal” – possuíam teor xenofóbico.