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* Feliz 2014!!!! Vamos começar este ano que promeeeeete. Promete?
Another day
Oh what a wonder
Oh what a waste.
It’s a monday
It’s so mundane
What exciting things
Will happen today?
* Já é disparada a música que eu mais ouvi nesses dias de férias/festas, essa pequena maravilha chamada “Avant Gardener”. Tocava muito tanto na Sirius XMU, a satélite, quanto na KEXP, emissora indie “normal” de Seattle, rádios em que meu iphone ficava balançando para lá e para cá na sintonia.
A canção é de uma moça australiana chamada Courtney Barnett, de Melbourne, que tinha dois EPs lançados em suas terras, juntou ambos para transformar em um álbum e o lançou nos EUA no final do outubro, vindo fazer dois showzinhos no festival CMJ Marathon, de Nova York. Daí então, e relativamente, caiu nas graças dessas rádios americanas citadas.
O álbum dos dois EPs chama-se exatamente “The Double EP: A Sea of Split Peas”. Não sei se falamos que é seu primeiro disco da carreira ou se o “début” chega mesmo agora em 2014, como estão falando. O fato é que a menina foi parar até no “New York Times”, numa rápida citação em meio de texto que a posicionou como um fragmento moderno de Velvet Underground, veja você.
Courtney Barnett, 25 anos, é uma delícia de cantora, daquelas vozes que lembra indie feminino americano do começo dos anos 90, mas adicionando uma incrível aptidão de contadora de histórias nas músicas, além de ter uma guitarrinha cortante que ela mesmo toca. Nada que seja uma grande novidade na música, mas tudo feito de modo tão simples quanto apaixonante.
Eu conheci de cara, de novembro para cá, duas músicas de Barnett. Essa já citada “Avant Gardener” e uma chamada “David”, do mesmo EP e consequentemente do mesmo álbum de dois EPs. “David” é incrível e é sobre plantar uma árvore, ok? É Courtney em versos rápidos de um “rock’n’roll” mais que batido reclamando do namorado (acho), o Davey. Termina falando para plantarem uma árvore: “você entra com a pá, eu levo as sementes”.
Essa “Avant Gardener”, assunto maior deste post, é impressionante de boa, dentro desse “quadro da normalidade” que é o trabalho de Courtney Barnett, música e letra. Aqui o “velvet undergroundismo” dela é mais gritante. Quase um “pavement-ismo”.
Em “Avant Gardener”, Barnett canta, ela acorda numa segunda-feira besta querendo dar um jeito no quintal da casa, que está um lixo. Repare a volta dela ao tema “jardinagem” de “David”, hahaha. Ela acha que os vizinhos devem pensar que ela mantém um laboratório de drogas químicas na casa. E resolve dar um jeito nesta tal segunda-feira, um dia de calor de matar na Austrália. O problema é que ela tem problemas de respiração e começa a passar mal.
Juro, essa é a letra.
E ela passa mal e mal, ali tentando cuidar do jardim. Tanto que lembra os tempos em que tomava injeção de adrenalina direto no coração, se sentindo a “Uma Thurman post-overdosing kick start”.
A parte mais linda, para mim, é quando ela acorda numa ambulância na mão de uma médica cuidando dela. “The paramedic thinks I’m clever cos I play guitar, I think she’s clever cos she stops people dying.”
Barnett é Velvet e tals, mas não renega essa nova linhagem indie-pop delícia de garotas pós-Amy Winehouse, última safra, tipo Lana del Rey (do comecinho) ou algo da Lorde, de transformar em musiquinhas brilhantes um cotidiano aparentemente normal. De botar em música algo como acordar numa segunda querendo dar um jeito no jardim bagunçado, para os vizinhos não acharem que é uma louca.
Eu estou quase apaixonado pela Courtney Barnett, mas vou segurar a onda até ouvir mais que quatro músicas dela, sei lá. Tem uma outra ótima, essa “History Eraser”, em que ela começa dizendo que tava bêbada e adormeu na cama, de roupa e tudo, sem entrar debaixo das cobertas. Deu sorte porque deixou o aquecedor ligado…
Mas “History Eraser” fica para depois, porque o negócio aqui deste primeiro post do ano é “Avant Gardener”. Olha que beleza
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