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* Último dos grandes gênios do rock, o saudoso Kurt Cobain, o guitarrista e líder do Nirvana morto tragicamente em 1994, completaria 50 anos de idade hoje, se o tiro de espingarda que deu contra a própria cabeça fosse apenas um sonho ruim de qualquer indie do planeta que viu a música independente se confundir com a música pop por meio de um som punk heavy metal sujo e demente e virar uma revolução algo casual que sacudiu a indústria de um modo que não teve mais volta.
Kurt Cobain, segundo a agência americana Sachs Media Group, que criou a campanha Rock & Roll Heaven e “atualizou” a aparência de astros musicais mortos, teria essa cara hoje em dia, se vivo.
Se no dia 8 de abril de 1994 seu corpo não tivesse sido encontrado no casarão da Lake Washington Boulevard pelo eletricista Gary, o que estaria fazendo hoje o senhor cinquentenário Kurt Cobain?
Pedi ao poploader de mente fértil Eduardo Palandi, nosso homem na Capital Federal, para me ajudar num rascunho do que seria um caminho musical para Kurt Cobain, caso o seu fim não tivesse sido seu fim. E Kurt Cobain, 50 e prejudicado na saúde pelas marcas de gênio da música, viveria assim este 2017.
Cobain em 2017
“Depois de errar o tiro e passar uns meses internado para se recuperar, com o mundo todo temendo que ele tivesse sequelas, Kurt teria alta no segundo semestre de 94. Grohl e Novoselic evidentemente pediriam um tempo para repensar o futuro da banda, que estava em suspenso, obviamente. O acústico da MTV seria empurrado para o começo de 1995, para o grupo ganhar um tempo. No final desse ano, a banda se reuniria para mais um disco, passariam 96 inteiro gravando e fariam um tour de festivais (evitariam que o Kula Shaker fosse headliner do V97, por exemplo) antes do lançamento do novo disco, em outubro de 97. Esse álbum seria para eles o que o “Down on the Upside” foi para o Soundgarden: um bom disco, de parto demorado, mas que sofreu com as comparações com a obra antiga. O Nirvana lançaria um disco de sobras em 1998 e, em meio a especulações sobre nova vinda ao Brasil, acabaria.
Numa época em que o vício de heroína já começaria a deixar o Kurt sequelado, ele teria gostado do “Good Morning Spider”, do Sparklehorse, odiado o Foo Fighters e viraria uma mistura de Arnaldo Baptista com J.D. Salinger ou seu ídolo, Daniel Johnston: viveria recluso e nem sempre falando coisa com coisa. Por volta de 2000/01, as músicas não aproveitadas desse disco de 1997, mais ou menos 20 delas, começariam a circular no Napster e seriam comparadas às “Basement Tapes” do Dylan.
Em 2001, com o retorno do Leonard Cohen, ele começaria a se sentir um pouco mais propenso a voltar, mas, como o Syd Barrett, isso não iria além de umas demos, igualmente compartilhadas furiosamente no Kazaa, Soulseek e, depois, torrents. De vez em quando, seria visto na rua pelos fãs, com uma garrafa de vodca na mão e dormindo numa caminhonete no estacionamento do Taco Bell… Isso até 2008, quando nenhuma outra notícia seria dada e Cobain passasse a viver num rancho fechado, fora de Portland.
Aí, agora em 2017, do nada espalharia-se o boato de que o ex-Nirvana faria um show-surpresa em algum lugar de Austin durante o South by Southwest 2017, em março, com o quarteto californiano Bleached, três garotas e um baterista homem, sendo sua banda-suporte. O Sxsw registraria o dobro de público da edição de 2016 por conta da expectativa. A boataria iria chegar à Inglaterra, com a notícia especulada que Cobain iria fazer um show solo e acústico “retrospectiva” de Nirvana no Glastonbury, ocupando o John Peel Stage, no mesmo horário do show do Foo Fighters no Pyramid Stage. Tumulto no Glasto. Em julho, o músico ia ser anunciado como headliner do Popload Festival, em São Paulo, no final do ano, dizendo que esse seria mesmo o último show de sua carreira. Gente do mundo todo ajudaria a abarrotar o Allianz Parque, em novembro, comprometendo o gramado para a final do Palmeiras na Libertadores. Menos mal que…”
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