Disclosuremania – Entrevista exclusiva com o duo inglês

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* Finalmente chega à luz o disco novo da dupla inglesa dance Disclosure, do irmãos Guy e Howard Lawrence. Nova sensação na época do primeiro disco e superconsagrados agora com a chegada deste segundo, “Caracal” lançado hoje, o duo é como o Midas da nova safra da música eletrônica. O que toca, vira ouro. Em parte, é deles o crédito de a dance music estar de volta e com força às rádios.

Guy e Howard, ambos ainda com 20 e pouquinhos anos, chegaram ao status de serem reconhecidos pela própria vibe (com texturas inusitadas e muito sintetizador). “É algo que sempre quisemos ter. É igual você ouvir um cantor e reconhecer a voz de imediato. Gostamos de acreditar que, com a nossa melodia, as pessoas saibam quando é o Diclosure que está tocando”, explica Guy. “Tivemos a vida toda para compor o primeiro disco. E um ano para escrever e produzir este novo. Tentamos esquecer a pressão. É como se estivéssemos voltando para o começo, fazendo música só por diversão”, diz.

Com tantas parcerias louváveis (Sam Smith, Lorde, The Weeknd, Lion Babe…), um artista que eles ainda sonham em trabalhar é Prince: “Seria incrível”. Apesar dos holofotes estarem voltados para os irmãos, eles gostam de manter suas vidas privadas longe do burburinho. “Não somos do tipo Instagram, Twitter ou coisas assim. Nós não queremos ser ‘famosos’, apenas trabalhar com música”, reflete. E o lance de serem irmãos não atrapalha. “Nunca brigamos. Somos melhores amigos.

O mais velho, Guy Lawrence, de 24 anos, falou por telefone com o poploader André Aloi sobre o antes muito aguardado – e agora já badalado – novo álbum “Caracal” nas lojas. Confira a entrevista completa abaixo:

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POPLOAD – Vocês já têm um estilo definido. Quando a gente ouve uma música do Disclosure, as batidas já entregam que a produção é de vocês. É algo pensado?
GUY DISCLOSURE – No Reino Unido, muita gente nos credita por colocar a Dance Music de volta à rádio. Não digo House, mas essa estrutura mais pop, mesclando a House Music com vocal. Então acho que é uma coisa boa ser creditado a isto. As pessoas reconhecem nossa música porque ela é warm, synth e jazz pop, melodias interessantes e ritmos que não soam como a Pop Music comum que ouvimos na rádio. Criamos nossa própria vibe, essa é a coisa boa. É algo que sempre quisemos ter. É como quando você ouve uma música de um cantor, e reconhece pela voz. Eu gosto de acreditar que, com nossa melodia, as pessoas reconheçam a gente com uma identidade própria.

O que mudou nesse CD para o anterior? Muita gente diz que sente a pressão de fazer um segundo CD, há sempre esse estigma. Vocês se identificam mais com esse novo som que criaram em “Caracal”? Acham melhor que o álbum de estreia?
Ouça o novo álbum e me diga você (risos). O processo de feitura do novo disco foi muito similar ao do primeiro. Acho que a razão pela qual as pessoas dizem que é mais difícil conceber o segundo álbum é porque você não tem o mesmo tempo para escrever… Você teve sua vida toda para compor o primeiro. Nós, basicamente, tivemos um ano para escrever e produzir este. Mas foi exatamente o mesmo processo. Tentamos esquecer toda a pressão e a base de fãs que criamos. É como se estivéssemos voltando para o começo só para fazer música por diversão. E foi o que fizemos. E este álbum é melhor do que o primeiro, sim. Digo isso porque as composições são melhores. Conseguimos ter letras mais interessantes, ótimos artistas e cantores participando. As produções se encaixaram. Porque somos jovens, temos mais a oferecer. Há uma progressão natural do que fizemos no primeiro álbum. Fizemos o que podíamos de melhor para entregar aqui.

Como a primeira faixa se chama “Nocturnal”, minha dúvida é: vocês são mais pessoas do dia ou mais notívagos? E como foi a escolha do nome para esse álbum (que tem referência a um gato selvagem)?
Acho que sou uma pessoa da noite, enquanto Howard é mais do dia. A razão pela qual escolhemos esse nome tem a ver com os convidados. Quando se trabalha com diferentes artistas, toda canção tem concepções distintas, uma história diferente. E seria muito difícil nomear o álbum com apenas um aspecto. Já que as músicas falam de coisas diferentes, então pegamos algo que tivesse uma boa visão e fosse interessante. Daí chegamos a esse animal, que achamos bem legal, e é também o animal favorito do Howard. E seria legal colocar a máscara do Disclosure nele. E poderíamos dar a ele esse lado selvagem, dos festivais e clubes noturnos que fazemos…

O que vocês ouviram e que pode ter servido de inspiração para o trabalho novo? Teve algum cuidado especial na concepção deste novo disco que foi diferente da do anterior?

Não tínhamos ideia de como seria o álbum no começo. Compusemos umas duas ou três músicas e daí então tivemos uma ideia para onde iríamos. Mas há uma variedade maior e mais ampla de tempos, texturas. Não há música instrumental. Todas as músicas são tracks vocais, o que é ótimo porque adoramos trabalhar com a voz. Talvez essas sejam as duas principais mudanças do último álbum para este.

Vocês quase não aparecem, não são do tipo que expõem suas vidas pessoais, que circulam as páginas de tabloides nem são cercados por paparazzi. É assim mesmo?
Nós gostamos de manter nossas vidas privadas. Não somos do tipo Instagram, Twitter ou coisas assim. Nós não queremos ser “famosos”. Apenas trabalhar com música.

E como é manter uma unidade, ainda que haja tantos artistas num mesmo trabalho?
Quando trabalhamos com cantores, seja um artista grande ou pequeno, popular ou nem tanto, pode ser do jazz ou de qualquer gênero, o que importa pra gente é a voz, desde que seja boa, que se sobressaia, seja única, excitante. Nós não escrevemos as músicas e mandamos. Eles escrevem junto, vêm ao estúdio, compomos em conjunto. Não há algo como um fator específico. Eles têm que ser ótimos cantores, tem que ser legais… Temos que ser amigos deles. Não queremos “big superstars”, queremos gente bacana. Nós temos o mesmo agente que o Sam Smith. E a Lorde nós a conhecemos quando nos apresentamos juntos numa premiação. Os outros a gente era meio fã ou gostava, então entramos em contato com eles, ou eles conosco, e fomos para o estúdio.

Vocês têm um programa de rádio no serviço de streaming na Apple. Mas você acha que há algum serviço perfeito para lançar música?
Pergunta difícil. Estamos prestes a descobrir, para ser sincero. Mas uma coisa que estamos inovando para este CD, desta vez, é preparar um curta para cada música que lançarmos como single. Cada parte será um trecho de enredo do filme para, no fim, concluir um longa (veja o trailer abaixo). Como temos um programa de rádio na Beats 1, na Apple Music, é um jeito diferente de fazer uma entrega musical para novas pessoas. Mas acredito que cada serviço tem que ser entregue de um jeito diferente, que se encaixe para diversos artistas. Artistas pop, de repente, o melhor jeito é Spotify e YouTube. Para um artista underground, que queira entregar sua música de graça, Vimeo. Há muitos meios. É difícil dizer qual se enquadra melhor com cada artista.

O fato de vocês serem irmãos, ajuda ou atrapalha. Não há um momento em que a intimidade atrapalha? Ou é tranquilo ir para a estrada com o Howard?
Funciona para a gente. Mas não somos irmãos normais Nós nunca brigamos. Se fôssemos irmãos convencionais, acho que seria uma péssima ideia ter uma banda juntos. Somos melhores amigos, saimos bastantes, somos bem próximos.

Hoje vocês são referência no que fazem. Mas há outros produtores de quem são fãs?
Tem um cara em Montreal, chamado Kaytranada, que faz uma mistura de disco com influências hip hop. Hommy, ele faz uma mistura disco bem boa, como DJ também. E tenho ouvido algumas bandas, como o novo do Foals, que é maravilhoso. Lianne La Havas, ela tem um álbum incrível, que está prestes de ser lançado.

Qual a melhor memória do Brasil? Vocês conhecem algo de música brasileira?
Foi tocar no festival Lollapalooza, no autódromo de Interlagos (em 2014), foi muito legal. Foi divertido. Ayrton Senna foi o maior corredor de todos os tempos e eu era muito fã dele. Então tocar num lugar que a gente sabe que ele correu foi mágico. Meu irmão tem ouvido muita música brasileira (pausa no telefone para perguntar a Howard). Antonio Jobim tem ótimas canções.

Se você fosse um jornalista e pudesse perguntar uma coisa para o Disclosure, o que seria?
Perguntaria: Como vocês conseguem ser tão bonitos? (risos).

*** Ouça o streaming de “Caracal”, o segundo álbum do Disclosure, lançado hoje.

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