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* Um dos principais festivais de música do planeta desde sempre, acontece neste final de semana na Inglaterra o colossal Reading Festival, que:
– não é um “festival de leitura” e, please, pronuncia-se “réding”.
– dista uma horinha de trem de Londres, mais ou menos, e é armando em uma fazenda na cidadezinha onde tem a maior quantidade de hooligans (torcida violenta) do Reino Unido inteiro.
– tem um espelho de programação alternada em Leeds.
– não tem mais bandas que o Glastonbury, não tem o visual do Coachella.
– mas se você realmente quer saber o que está acontecendo na música ou o que vai acontecer, precisa estar no Reading Festival.
Foi lá que o Nirvana tocou num ano para 2 mil pessoas e no seguinte para 120 mil. No Reading o Foo Fighters fez seu primeiro show “para valer”, como banda, e quase causou um desastre porque tinha mais gente em sua tenda pequena do que vendo a Bjork no palco principal. Foi lá que o “apelo popular” tirou os Strokes de palco secundário em seu primeiro show no Reading e os botou no principal, just because. O The XX virou “banda de festival” depois que fez o Reading Festival ficar em silêncio dentro de uma tenda, enquanto o barulho comia do lado de fora. A lista de “causos do Reading” é infindável.
E um olhar especial do Reading Festival 2015, pelo que ando “sentindo”, está numa bandica de skate punk da Califórnia chamada FIDLAR, esta aí de cima. Bandica para os ingleses. Grande na Califórnia, absurdamente querida na Austrália, boa base de fãs no Japão, o FIDLAR já é rodadinho, mesmo formada há apenas uns cinco anos. Quem ouve rádio indie americana conhece os caras de uns dois, três anos para cá. Ou por músicas como as ótimas “No Waves” e “Cheap Beer”, ou por trilha de game, ou via MTV americana na parte decente do que virou, ou de som de seriadinho indie.
Ou pelo histórico familiar. Zac Carper, o vocalista (e guitarrista), nasceu no Hawaii e é filho do cara que faz as pranchas mais famosas do rolê, dizem, o John Carper. Elvis Kuehn e Max Kuehn são irmãos, filhos do tecladista do grande T.S.O.L, famoso grupo punk de Long Beach, Los Angeles, dos anos 80.
Ou pela ficha policial. Zac Carper, de traços japoneses por causa da mãe, não é fácil. Aos 14 anos foi preso com drogas no Hawaii. Em Los Angeles, aprontou quebradeira de Santa Monica a Venice Beach, com acidentes de carro, shows-tumulto em lugar proibido, encontrinhos “agitado” de skate e cerveja em centros comerciais. Depois que o grupo lançou o primeiro disco, em 2013, já teve que ficar uma temporada em rehab, para se livrar do vício em metanfetamina e heroína. Leve.
Agora o FIDLAR está chegando ao segundo disco, incrivelmente vivos. Lançam o álbum “Too” uma semana depois do Reading Festival, comecíssimo de setembro. As rádios boas de rock já tocam muito “Drone”, bubblepunk pegajoso infernal. O vídeo, doido, saiu semana passada e está aí embaixo.
O que difere o primeiro disco do FIDLAR deste segundo álbum são os nomes das canções, o que dá a pinta do estado de coisas atual do quarteto de Los Angeles. Enquanto no primeiro disco tinha músicas como “Cocaine”, “Stoked and Broke”, “Cheap Beer” e “Whore”, este disco de agora apresenta as canções “Bad Habits”, “Overdose”, “Stupid Decisions”, “Sober”, “40oz. On Repeat”, “Leave Me Alone” e “Punks” (cujo nome original, agora mudado, é o genial batismo “The punks Are Finally Takin Acid”). Sentiu? Assim como Arctic Monkeys antes e Courtney Barnett e Lorde agora, o FIDLAR também fala nas letras de seu cotidiano. Mas num jeitinho mais californiano de ser. Pensa.
No Reading Festival o FIDLAR toca no sábado, à luz do dia, no palco principal, bem abaixo de nomes com Metallica, Alexonfire, Royal Blood e outros. Mas dizem que o auê vai ser ali. É a segunda vez que se apresentam no Reading. Passaram por lá em 2013, com o show do primeiro disco, mas deu só uma plantada na semente. Içados ao palco principal, ainda que no comecinho do dia, vão ver se viram banda grande a partir de sábado. Estaremos de olho na arruaça do FIDLAR na “prova” do Reading Festival.
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