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*** Sir Paul McCartney está no Brasil mais uma vez para outra série de shows lindos, memoráveis e esgotados em quatro cidades. Porto Alegre e São Paulo já rolou, faltam ainda BH e Salvador no decorrer da semana. Na noite de ontem, mais de 45 mil pessoas fizeram uma grande festa para este jovem de 70 e poucos anos, que mais uma vez esbanjou energia e deu sua tradicional aula de boa música em um show com cerca de 3 horas de duração. Quem esteve no Allianz Parque, belo estádio do Palmeiras, foi o poploader Alexandre Gliv, que conta pra gente mais ou menos o que rolou em mais uma jornada inesquecível do ex-beatle no país.
Vez ou outra, acostumamos a nos expressar sobre algum artista, banda ou disco como brilhante e genial. Que um determinado show foi bombástico, o melhor do ano ou entre os melhores (se não o melhor) da vida. Distribuímos incontáveis e os melhores adjetivos para situações e experiências realmente especiais e, a não ser por uma ou outra vez que fomos tomados e influenciados pelo calor do momento (e depois analisando com mais calma, sentimos que não foi tudo aquilo), no geral gastamos mesmo todos os sinceros elogios.
E aí, pela quarta vez em São Paulo, volta esse cara… um tal de “Sir” Paul McCartney, que com seus 75 anos e suas quase 3 horas de show, ainda nos faz parar e repensar em tudo. Com um Allianz Parque lotado (45.500 ingressos vendidos) e trazendo a turnê “One On One”, a expressão “as definições de gênio foram atualizadas” nunca fez (e provavelmente nunca fará) tanto sentido.
Começar um espetáculo com “A Hard Day’s Night” é sacanagem e por si só já é motivo mais que suficiente para levar o show para a lista de icônico e inesquecível. Mas essa era só a primeira das 38 músicas da noite.
Clichês inevitáveis a parte, também eventualmente dizemos ou vimos por aí que tal show foi “aula” disso ou daquilo. E ironicamente no dia dos professores, aqui mais uma vez entra “o” definitivo, não só em se tratando de aula de rock, mas da história da música pop em geral.
De simples canções pop perfeitas a músicas bem mais elaboradas, flertando com progressivo e o psicodélico. De baladas acústicas extremamente sensíveis a verdadeiras pedradas pesadas de rock. A variação quase que completa de estilos funciona como nunca e consegue fazer o público responder e embarcar em uma verdadeira montanha russa de emoções. Dançando e agitando em alguns momentos, e parando (no bom sentido) completamente para assistir hipnotizados e se emocionar diversas vezes.
E se na carreira solo ou com os Wings, Paul tem seus já consagrados big hits (como “Jet”, “Band On The Run” e “Live And Let Die”), além de vários tesouros espalhados pela discografia, é inegável a importância, orgulho e a força de ter sido um Beatle e como essas músicas mexem ainda muito (mas muito) mais com as pessoas.
“Can´t Buy Me Love”, “Drive My Car”, “Love Me Do”, “Eleanor Rigby”, “Helter Skelter” e tantas outras (sem contar as manjadíssimas mas mais que obrigatórias “Let It Be”, “Hey Jude” e “Yesterday), pensa bem. E tudo executado com um nível de talento e precisão absurdas.
É extremamente prazeroso ver como Paul se comporta em cada momento e não deixa dúvida nenhuma que, se fizesse apenas por dinheiro, não teria porque se preocupar com variações nos setlists e muito menos ultrapassar uma hora e meia de show. Sim, algumas músicas obrigatórias e estão sempre lá, mas além das diferenças no repertório entre as turnês, há sim muito espaço para a improvisação e a espontaneidade de Paul brilhar. “Tá bombando”, “só os manos”, “só as minas”, “essa é mais rexente… gostei dessa palavra… rexente” (haha).
Mesmo que obviamente muito bem assessorado, Paul é verdadeiramente genial. E em absolutamente nada compromete a voz rouca, pois com sua “pouca” experiência, sabe usar e explorar a voz precisamente, assim como sua própria energia no palco. Contendo onde pode e se entregando de vez quando sabe que é para valer.
Curioso pensar que no início da boa repercussão dos Beatles, a preocupação era onde investir e o que fazer depois, já que não era nada comum artistas com longas carreiras de sucesso, e nenhum dos quatro sequer imaginaram o quão longe iriam chegar e conquistar. E como o impensável persiste e prevalece, onde mesmo com o inevitável, turbulento e triste fim da banda, Paul não se apagou ou se limitou apenas em se retirar e entrar para história como um ícone. Ainda está por aqui sendo um gigante ao vivo, ídolo maior de muitos de nossos grandes ídolos, e provavelmente até hoje a maior lenda vida do rock.
E se você gosta de rock e boa música (e deve gostar porque senão porque mais acompanharia a gente por aqui) e eu pudesse te dar uma única recomendação definitiva seria: não perca a chance de ver pelo menos um show desse cara.
Por aqui, a “One On One” ainda passa por Belo Horizonte e em Salvador, mas sempre vou me recusar em dizer que acabou. Prefiro dizer: até breve Paul!!!
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Paul é gênio. Tem mesmo que ir sempre!
Valeu por postar meus vídeos! (Hey Jude e Nineteen hundred eighty five)