* Mais um braço de articulação musical da Popload, o CENA, espaço que há anos vem jogando luz na grande movimentação do cenário independente brasileiro, inaugura uma nova fase e vira um selo virtual, que pretende ser uma curadoria de discos nacionais que merecem sua atenção.
E o primeiro fruto dessa nova empreitada é “Não Tô Aqui para Te Influenciar”, novo disco do músico Marcelo Perdido, o quinto de sua carreira nada linear dentro da linear música brasileira, que chega hoje às plataformas.
“Não Tô Aqui para Te Influenciar” é um disco direto (têm apenas 18 minutos). São oito histórias curtas de pessoas diferentes se procurando por uma cidade que talvez não exista mais. No caso desse trabalho, o Rio de Janeiro, lugar em que nasceu e está forte em suas memórias afetivas por questões familiares, ainda que esteja vivendo em São Paulo há 20 anos, com algumas fugidas para Portugal.
Ou seja, depois dos álbuns inspirados nas quatros estações, uma cidade é o fio de narrativa escolhido por Marcelo Perdido. Sonoramente ambientado por guitarras, pianos elétricos, sons de cidade e falas de pessoas, o artista busca referências em bandas de rock nacionais que deixaram de existir (como Gram, Moptop, Pullovers), clássicos brasileiros setecentistas (como Di Melo, Erasmo Carlos, Tim Maia) e coisas gringas mais atuais (como girl in red e Clairo), que têm a ver com sua música. Alicerces sonoros para ajudar a contar a história desse Rio de Janeiro que só existe em suas lembranças.
Marcelo Perdido diz:
“Quando minha vó morrer vai acabar o Rio… Foi o que eu pensei naquela noite em que soube de sua doença. Após o final da infância fui viver em outras cidades, porém o apartamento de minha vó sempre foi o Rio de Janeiro para mim. Estive lá milhares de vezes, sozinho, com amigos, bandas, naquele lar que foi comprado meio século antes por um casal de portugueses que nem imaginava que a Rua Sorocaba e seus entornos seria um epicentro cultural da minha bolha musical (salve Comuna, Matriz, Audio Rebel). As músicas do disco vieram praticamente todas de uma vez… nesse sentimento de que uma cidade ia deixar de existir junto com aquela pessoa que ia se apagando.
Foi produzido por meu amigo Habacuque Lima (Ludov, Pullovers), no estúdio Trampolim do qual ele é sócio. Queríamos um disco imagético e urbano, de micronarrativas sobre esses desencontros. Gosto de dizer que neste disco eu canto e desenho o som, pois o desenho de som (termo audiovisual) é fundamental nas canções para representar a cidade e pessoas que vão surgindo ou desaparecendo nela.”
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“Não Tô Aqui para Te Influenciar” conta com pianos elétricos de Danilo Andrade (Gilberto Gil/Jorge Ben), bateria por Matheus Souza (Tiê), com exceção de “Santa Clara de Tróia” tocada pelo Matheus Marinho, e ainda participações especiais de João Erbetta (Los Pirata, Jeneci, Clarice Falcão) e sua guitarra envenenada (“Bastante” e “Meia Noite”) e do português Silas Ferreira (Pontos Negros, Samuel Úria) no oboé de “Você Não Está Aqui para Me Influenciar”.
Escute o álbum, inteiro, veja os single-vídeos e baixe fotos aqui.
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* As fotos de Marcelo Perdido usadas para este post são de Ana Alexandrino.
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