CENA – Uma coisa interior. Chococorn and the Sugarcanes lança excelente disco de estreia e firma de vez o movimento emo caipira

Saiu o melhor disco da Balaclava Records que NÃO É da Balaclava Records. A banda paulista Chococorn and the Sugarcanes, nome em inglês para grupo do interior de São Paulo, acaba de lançar com algum barulho seu álbum de estreia, “Siamês”, pelo novo selo +Um Hits, também do interior de SP.

A geografia não está destacada aí em cima de bobeira. O Chococorn é de Santa Bárbara d’Oeste e chama para si a criação, com o disco, do termo Emo Caipira, uma brincadeira-séria abrasileirada com o termo “midwest emo”, subgênero do emo americano dos anos 90 que abrangia a musicalidade de bandas de Chicago e Minneapolis, que abandonava o hardcore choroso (emocional, vá lá) em direção ao indie.

O selo +Um Hits é de Americana, ali também da região de Campinas, e tem em seu curto elenco, além do Chococorn and the Sugarcanes, a banda mix Elephant Run (paulistanos com uma vocalista sueca) e o músico Do Prado, este último também de Americana.

Voltando ao Chococorn e seu disco dèbut, imagine uma trombada sonora entre a sensibilidade do Terno-Rei, a shoegazice do terraplana, a falação cotidiana do Lupe de Lupe, uma forte pegada emo e um acentuado sotaque interiorano. Tudo isso é “Siamês”. Tudo isso é Chococorn and the Sugarcanes.

(Não por acaso as bandas-referências citadas são do selo Balaclava.)

Do álbum de estreia do Chococorn, entre faixas como “Tudo de Pior para Nós Dois” e “Boa Noite, Tunico”, pegue, por exemplo, a música “Kaworu”. Começa uma falação que condensa muitos elementos da órbita do Chococorn. A música é romântica e o sotaque, carregaaaaado:

“Na pista ouvindo o novo do MGMT
indo mixar ‘Tudo de Pior’
Tinha acabado de ser aprovado na UFSCAR
e de repente meu olho lacrimejou e senti algo no peito
Eu quero ser grande como os Strokes
a ponto de lembrar que eles são só humanos entediados e entediantes…”


“Siamês” é um disco de descobertas, desses que suas músicas favoritas do álbum vão mudando a cada audição. Mas, acredite, se você botar seu tempo a favor de ouvi-lo, o Chococorn vai te pegar.

Mas e ao vivo? Os curitibanos tiveram a oportunidade de ver o grupo de Santa Bárbara d’Oeste nesta quinta-feira que passou. Ontem, sexta, o Chococorn se apresentou em Campinas, de volta a seu “habitat”, digamos, o interior paulista.

Hoje, 25, eles tocam em Americana, no HUP Studio, e no domingo 26 é a vez de Santos, no Started Bar.

O Chococorn and the Sugarcanes é o suprassumo do interior paulista. E, por consequência, do emo caipira.”Chococorn” vem de um festival cristão de Santa Bárbara d’Oeste que se chama Chocomilho, só que vertido para o inglês. O “Sugarcanes” é porque a cidade deles exporta muita cana-de-açúcar. Um nome regional.

O tal emo caipira que eles integram é representado também por bandas como Chão de Taco, Quem É Você Alice?, Bella e o Olmo da Bruxa e talvez o mais conhecido deles, o Eliminadorzinho.

Agora, ao som. Conheça o Chococorn and the Sugarcanes. Comece com a absurda “Caminhão de Mudança”. E viaje ao interior com os rapazes.