CENA – Sophia Chablau: a live com direção de Daniela Thomas e a parte 2 da história da carioquice paulistana dela

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* Dona de um dos discos mais interessantes da CENA nacional recente, a banda paulistana Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo faz show de lançamento desse seu álbum homônimo de estreia nesta noite, às 20h, dentro da plataforma Palco Virtual, do Itaú Cultural.

A apresentação é gratuita, via Zoom, mas precisa reservar o ingresso, através da plataforma Sympla. O esquema está aqui.

Conforme muito bem colocado aqui neste espaço virtual (cóf. cóf), “Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo”, o disco, é o melhor álbum carioca que uma banda indie paulistana poderia fazer hoje.

Isso equivale a dizer que boa parte da excelente cena indie do Rio atual bebe referências na vanguarda paulistana dos anos 80. E Sophia Chablau, daqui de SP, chamou a artifice artística carioca Ana Frango Elétrico para ajudá-la a registrar tudo isso em disco.

Tirando as músicas bem legais e o fato de hoje ser a primeira vez que Sophia e sua turma (Téo Serso, no contrabaixo; Theo Ceccato, na bateria; e Vicente Tassara, na guitarra e teclados) as tocam ao vivo, o show terá direção da famosa cineasta, teatróloga, cenógrafa e figurinista Daniela Thomas. No caso, mãe do guitarrista Vicente Tassara, que vai “vestir” um galpão na Vila Leopoldina.

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* A carioquice paulistana de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (Parte 2)

Quando falamos do lançamento do disco, por aqui, publicamos um profundo estudo de onde se cruzam todas essas referências e correlações entre a cena paulistana de outrora e a CENA carioca atual. A viagem de Sophia e amigos de banda para o Rio de Janeiro para ver “o que estava rolando na cena de lá”, em 2018, foi a parte 1 deste documentário escrito. Tem uma prometida segunda parte dessa história, que a gente conta agora, através de depoimentos da Sophia Chablau, do contrabaixista Téo Serso.

– Sophia Chablau:
“…Eu sinto que depois de ler o que escrevi sobre nossa ida ao Rio, talvez fosse óbvio que algo estivesse prestes a acontecer, eram muitas coincidências, encontros e gargalhadas coletivas entre nós quatro, da banda. Mas é estranho como a vida se apresenta de forma diferente quando se está vivendo.
O Santiago Perlingeiro, o Vovô Bebê, o Gui Lírio, o Antonio Neves e a Ana Frango estavam na minha casa numa das vindas deles para São Paulo. Eles ficavam muito em casa em 2018, e eu ficava em êxtase de ter tantas pessoas que eu admirava tão perto de mim. Num desses dias mostrei “Pop Cabecinha” [a música que abre o disco] para o Santiago. E ele me falou do cep 20.000 e das casas que já conhecia lá no Rio: Aparelho, Audio Bebel, Escritório etc. E daí falou para mim: “Vou marcar um show seu lá no Rio de Janeiro”. Eu disse: “Mas com que banda?”.
Ele: “Vai sem banda, vai com banda, o que você quiser, só que eu vou marcar um show seu no Rio”. Nesse momento, eu não sabia muito bem o que dizer, muito menos o que fazer. Em algum dos dias próximos deste, eu liguei para o Theo e contei a história do Santiago, e que eu tinha umas músicas para mostrar para ele, mas não tinha banda. O Theo, o Vicente e o Téo já tinham começado com a Uma Enorme Perda de Tempo, a banda, e então o Theo cogitou fazermos nós quatro o show do Rio.
Isso já era final do ano de 2018, eu sempre tô perdida em relação a Réveillons e datas comemorativas. No dia às vezes eu descubro o que vou fazer. mas naquele ano foi diferente. O Theo logo me falou que eu estava convidada a passar o Réveillon na casa da namorada dele, a alice rocha, lá em Caraguatatuba. Iria eu, ele, o Vicente, o Téo, a Alice, a Helena Ramos, a Gabilu, a Ana Paula e o Chico Bernardes.
fiquei grudada no Theo desde o dia 25 de dezembro depois da última comemoração de Natal que participei da minha família espírita. Nos vimos todos os dias, depois viajamos para Caraguá e lá começamos a pensar nos arranjos.
Um detalhe: o show ainda não havia sido confirmado pelo Santiago [rs].

– Teo Serson:
“O Santiago descolou para a Sô um show no Rio, na casa Aparelho (hoje infelizmente de portas fechadas). Ela então propôs para a gente ser a banda de apoio do show, em que ela pretendia cantar as suas mais novas, e até então inéditas, canções. A gig ficou marcada para o dia 10 de janeiro de 2019. Nesses dez primeiros dias de janeiro todas as músicas foram arranjadas para o show em um ritmo frenético e alucinado, em ensaios de mais de quatro horas por dia. Essas músicas (a maioria delas) viriam a ser o disco que lançamos”.

– Sophia:
“Lá em Caraguá tínhamos quatro violões e mil ideias. Eles me mostraram muita música. o Chico Bernardes foi essencial também. Ele foi incentivador da loucura, sempre. Bebemos feito o Marea 2001 da minha mãe> A Alice e a Ana Paula são duas cozinheiras de mão cheia e eu não estava acostumada a viajar com amigos. Foi a primeira viagem que fiz para a casa de praia de amigos. No dia do Réveillon eu acabei dormindo na varanda. E, como as portas dos quartos estavam fechadas, tive que acordar a galera quase destruindo umas das portas. No dia em que fomos voltar da praia, não havia passagem para SP.
Ficamos horas na rodoviária tentando passagem num calor de rachar. Precisávamos voltar para Aão Paulo para começarmos a ensaiar. Acabou que conseguimos chegar só no dia 3 de janeiro. Ensaiamos loucamente.
O Santiago confirmou o show do dia 10. O Caio Paiva que fez a arte do nosso cartaz, que era basicamente uma propaganda negativa do nosso show: “Eu não vou ver esses paulistas”. Fomos para o rio de janeiro dia 8, ensaiamos lá também. Levantamos um repertório inédito em seis dias de ensaio. Era um êxtase total tocar em outro estado. A gente apresentava o Theo como baterista dos Titãs e enganamos algumas pessoas [rs]. Descobrimos alguns bares, muitas pessoas. No dia do show, a gente não sabia o que poderia acontecer: se ia uma pessoa ou duas [rs].
Por algum motivo insano e pelos esforços do Santiago, o show foi um sucesso”.

– Téo:
“O show foi maravilhoso. Energia lá na alto, a casa lotada, todo mundo doido espremido passando calor e se divertindo muito. Descolamos outro show no Rio no mesmo período. Foi incrível, de novo. E decidimos que precisávamos ser uma banda e gravar esse disco.
Foi assim que surgiu ‘Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo'”.

(Fim…)

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