* Silva cresceu na música brasileira. Está muito grande, e faz tempo está muito grande para a Popload. Nem parece o cara que surgiu indie, tímido atrás de um teclado, um James Blake brasileiro, se apresentando no Sonar SP e no primeiro Popload Festival, de 2013, nas brumas de seu disco de estreia, “Claridão”, do ano anterior.
A conversa com Silva agora é com Ivete Sangalo, Marisa Monte, Carnaval na Bahia, Anitta, Gilberto Gil. Ele é merecedor de seu tamanho, de suas conexões, de sua carreira organicamente construída, sem atropelos, tendo em volta as melhores pessoas para ajudá-lo, assessorá-lo. Para cuidar de Silva. É um cara especial tanto no talento multiinstrumental quanto na voz aconchegante, que só melhora.
Mas de vez em quando a gente consegue trazer o gigante Silva para cá, como agora. Por conta da música nova que lançou, “Passou Passou”, uma ska-MPB tão simples de tão… indie. A letra, dele e do irmão Lucas, é uma fofura sem tamanho que a MPB em si não teria tamanha sutileza de fazer, a não ser se for via gente como o Silva, que são pouquíssima. Ou de fazer com essa voz de esperança, porque parece que a música é de fim, mas é de recomeço. E tem um vídeo maravilhoso, em plano sequência. Parece Belle & Sebastian. Com ou sem Anitta envolvida.
***
** E por conta ainda que ele acabou de lançar uma rádio. Não um playlist, veja. Rádio. A Rádio Silva. Em seu canal do Youtube.
Toda semana, Silva vai convidar algum produtor ou DJ ou produtora ou DJéia, para embalar uma horinha dos sons que o tem inspirado recentemente. E Silva está na pira do ska e de sua proximidade com o reggae. Daí “Passou Passou”. O bom é que Silva não passará.
Para a primeira Rádio Silva, eles convidaram o ótimo coletivo dub-feminino Feminine Hi-Fi para comandar.
Fazer uma rádio na era dos streamings que botam para funcionar como normal o tal do algoritmo ainda da idade da pedra é um colírio. Colírio para os ouvidos.
Boa, Silva.
>>