“Quem é?” é o cantinho aqui na Popload onde colocamos a CENA brasileira para falar de si mesma. Esta seção foi inaugurada semanas atrás com a intenção acima, mas não só. Também para criar um arquivo de pequenas entrevistas com nomes que apareceram recentemente, estão no primeiro ou no segundo disco/mixtape/single/projeto e que não cruzou o nosso caminho. Mas cruza agora. E a gente quer saber quem são. Sendo assim, melhor deixar que eles falem primeiro.
Hoje falamos com Anderson Quevedo. Ele é saxofonista e acompanha artistas como Criolo, Bixiga 70, Otto, Emicida e Trupe Chá de Boldo. Desde 2014 ele tem no paralelo a VRUUMM, uma banda que nasceu com a viagem de trazer as culturas do hip hop, jazz e MPB para a música instrumental. E a partir dessa fusão toda criar sua própria música, que segundo autodefinição é transportar a cultura do sample do hip hop para um ambiente de jazz.
Depois de alguns EPs e um álbum, lançado lá em 2015 sem muito alarde, a banda ficou numa, desculpe, quarentena de alguns anos. E ressurge agora na forma de seu segundo disco, “Tony Brizza”.
A gente foi atrás de saber mais.
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Quem é a VRUUMM?
Para nós chega a ser um desafio expressar em palavras quem somos, já que como artistas optamos por nos comunicar na ausência delas. Somos por definição um grupo instrumental, com formação de vertentes tradicionais como o jazz, a MPB e a música erudita, mas que traz referências contemporâneas na concepção estética da nossa música. O grupo surgiu com a idéia de transportar a cultura do “sample”, disseminada pelo Rap, para o universo do jazz. Desta forma trechos melódicos e batidas potentes vindas de diversas fontes de inspiração, desde Racionais Mc’s a trilhas sonoras de vídeos de manobra de skate, foram “sampleadas” de forma orgânica, ou seja, nós os tocamos em vez de dispará-los em uma controladora. A partir desses recortes começamos a construir nossa música, que culminou no nosso primeiro disco lançado em 2015.
Que som a VRUUMM faz?
Acid Jazz, que é a vertente do gênero que combina elementos do jazz com soul music, funk e música disco, particularmente com loops de batidas. Nossas influências vão de Miles Davis a James Brown, de Eumir Deodato a King Crimson (inclusive o nome da banda foi inspirado no disco deles “VROOOM VROOOM”). Também buscamos trazer elementos do hip hop e da cultura do skate para o universo da banda. Artistas contemporâneos que se assemelham a nós pelo fato de fazerem jazz com uma concepção estética moderna são a banda BadBadNotGood e o saxofonista Kamasi Washington.
O que a VRUUMM quer pra 2020?
De cara a queda do Bolsonaro. No âmbito musical e profissional nossa meta é levar nosso novo disco, “Tony Brizza”, para festivais no Brasil e outros países da América do Sul. Já tivemos uma experiência bastante positiva em um festival em Mar del Plata, Argentina, e estamos trabalhando para repetir a dose. Também gostaríamos de levar nossa música para circuitos periféricos e tocar para aqueles que não tenham contato prévio com o jazz, pois acreditamos no potencial do nosso som para tocar essas pessoas. O suingue está bastante presente na VRUUMM e isso torna nosso som acessível à tipos e grupos distintos.
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* As fotos da VRUUMM usadas para este post (o que inclui a imagem da home da Popload) são de Vinicius Leonel.
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