
Há alguns dias foi lançado o single “As Coisas São Como Elas Podem Ser”, do cantor e compositor belo-horizontino Dereco. O artista, que é membro da banda mineira Cayena, agora mostra seu trabalho solo, apontando para uma sonoridade curiosa: o single tem um quê de nostalgia, do rock alternativo dos anos 2010, e cairia muito bem como uma trilha sonora de algum programa de televisão sobre esportes radicais (daqueles que passariam no famigerado Canal Off)…Mas, não se engane, apesar do visual blasé, a música é profunda!

Dereco conta que começou a tocar aos 12 anos, sobretudo, por influência de seu pai, que tinha uma banda na qual tocava canções dos anos 1960 e 1970. A partir daí, foi se juntando em grupos com os amigos, de Beatles ao indie rock, até formar sua primeira banda, chamada O Caso, aos 18 anos, dez anos atrás.
Mais sobre a faixa “As Coisas São Como Elas Podem Ser”: chama atenção, inicialmente, pelas guitarras, que são as maiores protagonistas do arranjo, que foi feito pelo próprio Dereco, tocando todos os instrumentos menos a bateria. Isso porque, a guitarra base, com uma levada rápida e despojada, junto à guitarra solo, que faz um riff meio “praiano”(combinando com o chapéu de pescador do cantor), roubam a cena criando uma atmosfera agitada e, por que não?, até dançante.
Vale destacar que a instrumentação também remete a produções dos conterrâneos da Geração Perdida de Minas Gerais, como Mafius e Gabriel Campos, além de se assemelhar a artistas estrangeiros como os australianos do Sticky Fingers. Mas, segundo Dereco, as referências da canção passaram por artistas como O Terno e Boogarins, que são há muito tempo consagrados na CENA.
“Às vezes o tempo demora a passar”
Apesar da marra do arranjo (e do vídeo), que transmitem uma sensação sublime e até fria demais, “As Coisas São Como Elas Podem Ser” é, na verdade, uma canção bem sentimental. E fala sobre o processo de aceitação do eu-lírico em relação às mudanças inerentes à vida, como o fim de um relacionamento amoroso.
“Essa música veio de um momento em que vi uma pessoa que já foi muito importante passando, indo embora da minha vida, sem muita troca, quase sem contato algum. Só o silêncio e a distância. Ela fala sobre o tempo, o afastamento natural das coisas e o amadurecimento que vem com isso também. Chega uma hora em que a gente para de insistir em tentar entender ou mudar o que aconteceu – simplesmente aceita. De alguma forma, essas situações acabam servindo como aprendizado, experiência, crescimento”, explica Dereco.
Enquanto o disco do artista não sai, dá para ficar viajando entre o passado e o futuro com “As Coisas São Como Podem Ser”.
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* As fotos de Dereco, a deste post e a da home da Popload, são de Octavio Cardozzo.