CENA – Picnik em Brasília: um final de semana com Papisa, Marrakesh, Bike e Alenis no DF

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** Fotos e texto de Afonso de Lima

No penúltimo final de semana do mês de junho (23 e 24), o Popload voltou a Brasília para conferir mais uma edição do já amado e conhecido Picnik. Um dos maiores festivais gratuitos do Distrito Federal e responsável não só por trazer apostas do indie nacional para a cidade, mas também por fortalecer e reunir sua cena local de uma maneira democrática e extremamente necessária.

Em sua edição de junho, o Picnik resolveu desviar da sua curadoria trazida em outros anos e apostar em um line up musical totalmente nacional, tendo como os cabeça de chave as cantoras Tulipa Ruiz, Anelis Assunção, o cantor Curumin e a banda Garotas Suecas. Com esse time, o evento conseguiu movimentar uma parcela considerável de público de baixo da lona montada na Praça da Torre de TV da cidade, aumentando o movimento das feiras e exposições que rondavam o parque.

Segundo os organizadores, o Picnik é um evento gratuito, totalmente aberto e que só acontece por conta das feiras que estão ao redor dos palcos e o público que as consome. Colocar grandes atrações, que garantam um público maior, faz com que mais expositores participem, mais pessoas visitem o espaço e em uma escala muito maior a economia criativa da cidade gire de forma mais potente, trazendo pessoas do Brasil inteiro para o local.

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Guilherme Cobelo, vocalista da icônica Joe Silhueta (um dos melhores shows da noite de domingo), de Brasília, comenta que a cidade vive um momento difícil para a cena musical. Para ele, cada vez mais os palcos pequenos e médios estão sumindo e o DF acaba virando, de certa forma, refém de festivais e eventos de maior porte que possam abraçar as bandas que estão por ali, que produzem localmente. Em um papo com os curitibanos da Marrakesh, eles comentam que o festival foi um dos primeiros a apostarem neles e tirarem a banda de Curitiba, abrindo sua visão para um circuito independente de eventos grandes, deixando claro o papel do Picnik não só em trazer grandes shows para a cidade ou apoiar a cena local, mas também em dar espaço a novos nomes de fora, que talvez não chegariam de outra forma até a região.

Musicalmente, os dois dias apresentarem artistas bem variados que garantiram grandes shows, alguns destacados aqui no Popload como boas surpresas. No sábado de Curumin, Tulipa Ruiz e Garotas Suecas fazendo ótimos shows, Papisa foi um dos nomes que chamaram atenção ao fecharem a noite. Foram poucos minutos de apresentação que, por conta dos atrasos de cronograma, ainda jogaram os gaúchos da Supervão para o domingo, mas que valeram cada segundo de espera. Com a banda completa, Papisa hipnotizou o público do começo ao fim, fazendo um dos melhores shows da noite.

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No domingo, a tarde abriu com a ótima surpresa local, os meninos da Palamar, fazendo uma mistura de Tame Impala com Beach Fossils, da psicodelia até a introspecção em poucos acordes. Recomendamos. Logo depois, Cachimbó, também do DF, soltou um ótimo eletro indie abrasileirado que chamou atenção de quem chegava ao parque logo cedo. Continuando a ótima tarde, Meu Amigo Tigre sofreu com problemas técnicos que voltaram no show seguinte, o dos gaúchos da Supervão. Os meninos sofreram com falhas graves que quase pararam a apresentação, mas que foram derrubadas com o carisma da banda em fazer o público dançar mesmo com todas as adversidades técnicas, um show de performance para um início caótico e final heróico.

Abrindo a noite do evento, os curitibanos da Marrakesh fizeram outro dos shows na lista de melhores do festival, com uma apresentação impecável e complexa nos arranjos, eles arrastaram um dos maiores públicos do fim de tarde no palco, chamando atenção de todos que passavam com as ótimas músicas do último disco, “Cold As A Kitchen Floor”. Nessa mesma noite, ainda tocaram os mineiros da Young Lights com direito a roda punk e uma platéia incendiada, os sempre incríveis Joe Silhueta, com Gaivota (vocalista) literalmente alçando vôo no palco, Anelis Assunção com seu show incendiário, Taurina, Bike com outro show da lista de melhores e ainda Mescalines e Rakta para fechar a noite.

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Além das bandas, uma extensa feira gastronômica com opções para todos os gostos, marcas locais expondo seus produtos em grandes estandes e, para quem não queria atravessar o parque para ver shows, um espaço eletrônico com dj’s locais. Em resumo, uma verdadeira junção de todas as tribos possíveis, com uma tenda lá no fundo, recheada de ótimos shows e oportunidades de conhecer artistas inéditos na cidade, junto de uma engrenagem criativa capaz de manter a cena unida e funcionando no Distrito Federal.

Voltando a música, mesmo com as dificuldade técnicas e alguns atrasos, o evento aparece com uma ferramenta de manutenção de encontros e conexões entre o que acontece lá e o resto do país, tudo isso aberto para um público fora da bolha que o indie nacional muitas vezes se encontra. Vida longa ao Picnik, parece que em dezembro tem mais. Vídeos de alguns dos ótimos shows logo abaixo:

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