>>
* Modernizar o passado é uma evolução musical, já dizia Chico Science, e é essa mistura entre estilos e épocas que os gaúchos da Supervão, ótima banda de uma certa “psicodelia própria” da região metropolitana de Porto Alegre, querem apresentar em seu novíssimo EP “TMJNT”, que a Popload lança hoje com exclusividade. Abaixo, o disco é comentado pelos próprios membros da banda em entrevista para o correspondente poploader dos Pampas, o Afonso de Lima.
o trio Supervão é uma banda de eletroindie formada por jovens que, há pouco tempo, transitavam entre festas de rua e shows por bares de Porto Alegre. Leonardo Serafini, guitarrista, Mario Arruda, vocalista e responsável pelas programações, e Ricardo Giacomoni, baixista, além de fundadores do selo independente Lezma Records, percorrem o Brasil desde 2015 com sua experimentação indie, já tendo tocado em festivais como o Morrostock em 2016 e o Bananada em 2017.
Emergente da renovada e superjovem cena gaúcha e surfando (sem serem calhordas) essa prolífica onda da CENA brasileira, como Ventre, Carne Doce e My Magical Glowing Lens, os “guris” da Supervão preferem se distanciar das referências da nova geração mais p(sicodélica)op do indie mundial (Tame Impala?), para olhar para as raízes do Brasil (Boogarins?) e para as possibilidades que a mistura do rock com a música eletrônica pode proporcionar.
Em conversa com a banda, eles reforçam suas referências e indicam nomes como o novíssimo Teto Preto, a poética Céu e até os “medalhões” The Kills e os psicodélicos Primal Scream, tudo isso visto a partir da estética caótica porém dançante do trio.
Assim como as diversas bandas de diferentes estilos que acabam servindo de referência para o trio, a coletividade e as suas experiências na estrada acabam sendo um dos, talvez o maior, motivador para os temas e arranjos do EP. Os três comentam que esse lançamento traz muitas ideias do que eles viram em seus shows, na estrada, durante as suas caminhadas pelas diferentes regiões que já passaram não só como Supervão, mas também com o selo Lezma Records, se conectando a bandas e cenas de várias partes do Brasil, absorvendo tudo isso e traduzindo com a sua própria fórmula. Ou até a falta dela.
Banda que tem um apuro visual para seu trabalho quase tão sério quanto o sonoro, a Supervão construiu a capa do EP através de uma colaboração entre Mario Arruda e a artista visual Ana Paula da Cunha. Ela foi escolhida pelo fãs da banda através de uma votação na página da Supervão no Facebook.
Como uma banda gaúcha vinda de um cenário populado por diversos grandes nomes do rock, eles são bem categóricos ao falarem sobre o assunto: “Acho que não negamos o histórico do rock gaúcho. Apenas selecionamos referências que já estão aqui há muito tempo, mas que se mantiveram mais ocultas em outros momentos da história”, diz o grupo, respondendo em uníssono. E citam Superguidis e Stratopumas. Eles comentam que a sua maior influência em todo esse movimento anterior a sua cena não tenha vindo totalmente das bandas que faziam parte disso, mas sim da movimentação ao seu redor. “As bandas talvez não nos influenciaram diretamente, mas aquele lance todo de existir shows com bandas do mesmo estado que o nosso reunindo uma galera sempre nos empolgou”, afirmam, de modo coletivo “tmjnt”.
Em resumo, os integrantes reforçam que não querem ganhar o Brasil e o mundo sem antes se firmarem localmente, para serem o ponto de junção de muitos outros coletivos e bandas que caminham com eles nessa nova cara da música gaúcha, contribuindo para um movimento muito mais próximo das raízes brasileiras do que os seus antepassados.
“TMJNT” é o segundo EP da Supervão e marca o início de uma fase de consolidação do grupo dentro da cena independente do Sul do país, onde já enchem casas com lotações expressivas e reúnem públicos dos mais variados estilos. Ouça abaixo o novo EP:
* As fotos da Supervão, deste post e da chamada da home da Popload, são de Ana Paula da Cunha.
>>