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* Uma das bandas mais fora da curva da histórica da música independente brasileira, o incrível trio Los Pirata não era nada que você poderia esperar de uma banda normal. Atuaram com força num cenário devastado do indie brasileiro, por volta de 2002, 2003, no calor do novo rock dos Strokes e White Stripes e se autodenominavam uma banda “neo punk”. Ou, melhor, “neo punque”.
Formado por três amigos que na verdade faziam surf music cantada em portunhol assumido, com nome meio “latino”e meio tirado de “Os Trapalhões”, do Didi Mocó, o grupo tinha em sua composição um guitarrista absurdo que faria Jack White reavaliar sua postura, um ótimo baixista careca que se postava como um robô no palco e um baterista espetacular que tocava… bateria infantil. Não podia dar certo, mesmo. Mas deu, de alguma forma.
Uma vez, um jornalista de um certo jornal empregou as seguintes palavras para tentar elucidar o que era o Los Pirata, em 2003: “Se o cineasta Quentin Tarantino conhecesse a banda, ela provavelmente faria parte da trilha de um de seus filmes. Se o badalado White Stripes já tivesse visto Paco Garcia, Loco Sosa e Jesús Sanchez em ação, poderia ser que a abertura dos shows dos heróis de Detroit ficasse a cargo do trio brasileiro. A cena independente paulistana forja uma de suas mais interessantes bandas em muitos anos. De show explosivo, formação esquisita, músicas explosivas e esquisitas, perfil hispânico e com a mistura exata de excelência musical e alma indie, o Los Pirata lança agora seu suado CD de estréia. “En una Onda Neo-Punque”, o disco, lançamento do pequeno selo Volume 1, é uma avalanche de surf music, blues rasgado, country de raiz, rock dos anos 50 e um caldo muito, muito pop.”
Alguns discos, muitos shows (inclusive no South by Southwest) e bastantes anos se passaram e o trio de amigos Paco, Loco e Jesús, com coisas mais importante que fazer como ganhar dinheiro, arquivaram a banda e cada um foi morar num lugar, num país.
Mas agora, dia 14 de dezembro, o Los Pirata tem um show marcado para o famoso reduto indie Casa do Mancha, em São Paulo, em concerto ainda a ser anunciado. É o primeiro desde 2012. A idéia é retomar o caminho das apresentações ao vivo, que deu o caráter de banda cult e ajudou a criar o mito do Los Pirata. E talvez músicas inéditas e disco novo em 2017.
Com formação original, Paco?
“Hoje eu moro no Rio, os caras estão em São Paulo, todos com agendas complexas. Eu espero que a gente volte a compor e a gravar no ano que vem. Vai depender dessa agenda. Mas estamos no gás.
E sempre nós três. Tipo poker interminável: ninguém entra, ninguém sai.”
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