CENA – O novo single e a nova velha fase de Zé Ibarra. Ouça “Transe”

O cantor e compositor Zé Ibarra lançou nesta semana “Transe”, o primeiro single de seu próximo álbum, que deve sair ainda neste semestre pela Coala Records. A faixa marca a retomada da carreira solo do artista carioca, conhecido por seu trabalho no grupo Bala Desejo e por sua participação na banda da turnê de despedida de Milton Nascimento.

Com uma capa que remete aos trabalhos gráficos que representaram visualmente a música brasileira nos anos 1980, “Transe” chega como um marco, virando uma página na trajetória de Zé Ibarra.

Em 2023, o artista lançou o que chamou, à época, de um álbum prelúdio: “Marquês, 256”. Gravado nas escadarias do prédio onde morava, nesse endereço do Rio de Janeiro, o disco funcionou como um prólogo — uma introdução que nos ofereceu contexto.

O conjunto de oito faixas resumiu a carreira de Ibarra, incluindo suas colaborações com Milton Nascimento, o famoso projeto com Dora Morelenbaum, Lucas Nunes e Julia Mestre — que rendeu um Grammy Latino — e sua primeira banda, a Dônica.

No caso de “Transe”, é importante revisitarmos o que foi a Dônica.

A princípio era só uma banda de amigos de escola, mas a Dônica, oficialmente formada em 2014, contava com Zé Ibarra, André Almeida, Miguel Guimarães, Lucas Nunes e Tom Veloso, tornando-se também o primeiro projeto musical do filho caçula de Caetano Veloso.

Para além dos integrantes, vale destacar a sonoridade do grupo e o impacto de seu único álbum, “Continuidade dos Parques”, lançado em 2015, que marcou bastante a CENA da época com sua mistura inovadora de MPB e rock progressivo.

Uma década depois de seu disco de estreia com a Dônica, Zé Ibarra retoma em “Transe” os elementos do rock progressivo que permeavam aquele trabalho e que colocaram a banda em um patamar acima de muitos outros projetos na CENA da época.

A faixa começa de forma enganosa, com voz limpa e violão, mas logo entram os arranjos de cordas, assinados por ninguém menos que Jaques Morelenbaum, e a segunda parte da música envereda para um rock progressivo com pegada madura e influência de jazz, com arranjos em co-produção com Lucas Nunes. É uma faixa que exemplifica com precisão o desenvolvimento musical de Zé Ibarra, um bom primeiro passo para uma nova fase de sua carreira.

*A capa do single é uma foto de Elisa Maciel com design gráfico de Hermes Miranda. E as fotos usadas no post e na chamada no site são de Elisa Maciel.