CENA – O aqui e agora da banda O Grilo. Já ouviu o disco novo? Já leu a entrevista?

Os últimos anos têm sido intensos para a banda paulistana O Grilo. Entre as dores de transição para a vida adulta, o quarteto teve que aprender rápido o que é ser uma banda e para onde ela quer ir.

A formação atual existe desde 2019, montada às pressas para dar conta das oportunidades que estavam surgindo, como tocar no Lollapalooza naquele ano.

“A banda é composta por quatro pessoas de personalidades diferentes. E aceitamos nos encontrar nessas diferenças”, explicou para nós o baterista, Lucas Teixeira.

“Tudo Acontece Agora Pt. 1”, o novo álbum do grupo, lançado há poucos dias, representa muito a transição da adolescência para o jovem adulto desses quatro indivíduos musicais. E, mais do que acompanhar seu crescimento como pessoas, evidencia seus aprendizados como artistas e é um trabalho mais coeso que o disco anterior da banda, “Você Não Sabe de Nada”, o de estreia, que saiu em 2021.

Em “Tudo Acontece Agora Pt. 1″, O Grilo não reverbera um estilo musical. A banda explora todos os sons possíveis. “Não nos prendemos aos gêneros”, diz o vocalista Pedro Martins. ” Eles são recursos que usamos para comunicar algo.”

Quando entrou no estúdio, o quarteto de amigos do colégio já sabia como queria que soassem as novas músicas e buscaram referências de seus artistas favoritos para trazer uma estética sonora mais elaborada para o novo disco. A banda australiana Tame Impala é um nome citado por eles.

Um exemplo: o que eles chamam de emo na faixa “Ainda É Verão” tem muito mais a ver com a definição de música emocional do que as sonoridades e estética do, digamos, sensível. A banda passeia por nuances de gêneros como pop, rock e reggae, mas sem perder a estética sonora que se consolidou no trabalho d’O Grilo.

Para o baixista Gabriel Cavallari, “a estética é um espelho que mostra a forma como compomos as músicas. As composições vieram mais de jams da banda neste disco, o que levou as músicas para um outro lugar”.

Quando começaram os trabalhos deste novo álbum, a banda refletiu muito sobre os últimos anos e como rodam o país. “Encontramos um equilíbrio muito bom, pegamos gosto para fazer shows e estamos muito ansiosos para tocar esse disco ao vivo”, explicou Pedro Martins. E, para trazer esse aspecto do público para as músicas, a banda reuniu amigos e familiares na Casa Rockambole, a sede de seu selo, para gravar coros para as músicas, que foram usados em algumas das faixas para criar uma atmosfera “live” e já antecipar o que virá ao vivo.

E o amadurecimento parece ir além das letras das músicas, quando perguntamos sobre as perspectivas da banda para o futuro. Aliás, para o presente! Bom, o nome do disco novo já entrega isso, não?

“As expectativas são sempre perigosas e mais do que nunca o disco é um reflexo de não querer se frustrar e focar no agora”, deixa claro Lucas Teixeira. Evidentemente, O Grilo não deixa de almejar um crescimento para a banda, palcos maiores e sair um pouco do nicho do indie nacional e colocar um pezinho no mainstream. Para a roda musical girar.

Mas, para além de qualquer anseio, lançar um álbum, cujas duas partes totalizam 10 músicas, também é um posicionamento em relação ao mercado atual. O Grilo quer com isso evitar cair na armadilha de fazer músicas que eles imaginam que sejam o que as pessoas queiram ouvir.

Com “Tudo Acontece Agora pt.1”, O Grilo quer trazer para você as canções que fazem sentido para eles como banda, hoje, e acreditar que no fim a experiência de conexão da música dará conta do resto.