* As poderosas também choram, sentem frio e sentem fome. É o caso da incrível multiartista paulistana Jup do Bairro em seu novo single, a inédita “Sinfonia do Corpo”, produzido pela badass Badsista, com várias direções da própria Jup e que vem acompanhado de um curta-metragem-videoclíptico bonito de tão tocante, onde Jup do Bairro alterna o momento cantora e o momento discursivo, facetas diferentes mas que se encontram de sua voz ímpar e única.
“Sinfonia do Corpo” (capa do single abaixo) é a primeira canção nova que Jup apresenta não só em 2021 mas desde que lançou seu maravilhoso EP de estreia no ano passado, o “Corpo Sem Juízo”.
Tanto lá como cá, Jup do Bairro, artista travesti (e negra, gorda e periférica thankyouverymuch), ainda está às voltas com seu corpo, o do passado e o do presente. E, ela vai explicar abaixo, do futuro também. “Era um espaço vazio, quase nada se encontrava ali” é a frase que abre o single novo, para já dar uma ideia do que está por vir.
“Acredito que essa faixa é uma de minhas composições mais viscerais (literalmente). É uma viagem filosófica ao meu corpo e como o entendo. Entre dores e delícias, como podemos projetar o futuro se o presente é incerto? Como continuar caminhando mesmo com tanta dificuldade? Se existe morte em vida, podemos encontrar vida na morte? Eu não sei. Gravei essa voz no fim do ano passado, em um único rec e não quis gravar novamente. Sinto minha voz emocionada quando ouvi de fato o que eu estava falando. Vocês me conheceram por fora, agora quero me expor por dentro”, relata Jup sobre a letra de “Sinfonia do Corpo”.
O vídeo-curta de “Sinfonia do Corpo” mostra Jup se montando como drag queen, nos apresentando à Sonya 3000000. Segundo a artista, Sonya é “uma artista sonhadora, humilde e muito talentosa. Acorda cedo e passa o dia se arrumando para a sua apresentação online, em que não entra ninguém. Eu já senti isso, às vezes ainda sinto. As artistas independentes passam por um turbilhão de situações que as frustram: a falta de apoio, verba, estrutura… e mesmo assim, se maqueiam, se vestem e preparam o melhor de si”.
Ouça e também veja “Sinfonia do Corpo”, de Jup do Bairro, abaixo. Detalhe para uma camiseta da Fresno no varal da Sonya/Jup, daquelas alegorias improváveis legais.
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