CENA – FingerFingerrr extravaganza: o primeiro disco, a banda ao vivo em SP e o vídeo “americano” inédito

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* Olha o que eu falo sobre CENA. Sexta passada, dentro da festa XXXbórnia, capitaneada pela galera da banda Mel Azul, que também está ligada em selo, estúdio e outras bandas, num dos improváveis palco do clube Trackers, um prédio ocupado no centro de São Paulo, tocou o duo garagem FingerFingerrr, bateria-guitarra e às vezes bateria-guitarra-que-vira-baixo.

O FingerFingerrr, Flavio Juliano (o vocal, guitarrista, baixista, direita da foto abaixo) e Ricardo Cifas (baterista, também vocal e que ainda encontra tempo para um teclado), estava fazendo o show de lançamento de seu disco “MAR”, lançado em vias virtuais não tem duas semanas, pelo selo Rosa Flamingo, da cantora algo consagrada na cena indie-MPB Tiê.

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“MAR”, um álbum de uma variação absurda entre punk, punk pop, eletrônico e um fundo bem fundo de hip hop (uma das músicas do disco se chama “Kanye”), é um feliz encontro de garagem roqueira com experimentalismo de diversas cores e cheiros. Tudo a quatro mãos, que trabalham bastante em uma música como se fossem uma banda de quatro ou cinco sujeitos. Ao vivo isso é mais nítido. Um dos bons discos de estreia do ano no Brasil.

O que o gosto no FingerFingerrr é o agito que eles fazem, na unha. Com um EP, já tinham “empresária” nos EUA, gente que já tinha trabalhado com Chromeo e Future Islands. Ainda sem disco cheio, ainda na unha, fizeram QUATRO viagens aos EUA para shows, incluindo as famosas “turnês de van”. Para “MAR”, o disco, eles conseguiram, tambééém com a unha e umas boas economias, botar suas músicas aos cuidados de Mario Caldato Jr., produtor brasileiro que fez história na cena americana dos anos 90 entre outras coisas por cuidar de um tal Beastie Boys.

Aqui, abaixo, o primeiro álbum do FingerFingerrr, “MAR”, para audição. Depois, o duo ao vivo no “palco principal” da Trackers, no centrão de SP, dentro da festa XXXbórnia, em performance da música “Eu Só Ganho”, faixa que abre o disco tem um mantra hardcore “Eu só ganho, eu não tenho”, que no fundo, de um lado geral, lida com dramas capitalistas tipo o que vivemos hoje. Para mim, numa leitura pessoal, a forte canção lida com essa cultura tão atual em moda, na gastronomia ou em rede social que é a do jabá, hahaha.

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Mas a gente começa mesmo com a exibição exclusiva do vídeo de “Eu Só Ganho”. Como tudo para o FingerFingerrr é improvável, no “clipe” os caras estão correndo com uma amiga alien americana, PELADOS, pela principal avenida do hypado Williamsburg, região do Brooklyn, em Nova York, a Bedford Avenue. O vídeo, para complicar a nossa compreensão, é dirigido pelo undergroundmente conhecido John Threat, que já apareceu na capa da conceituada revista tecno “Wired”, em seus tempos de hacker e inimigo federal dos EUA, o que o levou a ficar preso um ano pela “função”.

O vídeo tem uma historinha, que me contaram assim: Flavio, Ricardo e a amiga são três aliens soltos na Terra de sua nave mãe para desestabelecer a ordem capitalista predatória atual, representada pelo prédio “pichado” pelo duo. Trata da gente ter consciência de que vivemos numa sociedade de informação, onde sabemos muito bem o que está errado, por que está errado e quem está deixando tudo errado e… no final das contas… aprender que não precisamos de nada dela, apenas os nossos amigos e união. Não precisa nem das roupas (por isso a nudez). Os objetos lançados são símbolos dessa sociedade, e representam tudo que desejamos que destrói a gente e nos distrai do que realmente é importante. Tem o que foi envenenado, do que foi perdido, como alimentos geneticamente modificados, ouro, dinheiro, petróleo, armas, bombas. O fato de a banda ser aliens representa a necessidade dos habitantes da Terra ter um lembrete externo do que é importante, da mesma forma como um post-it lembra de uma tarefa a ser concluída.

Entende?

Então, agora, o vídeo de “Eu Só Ganho”, o FingerFingerrr desempenhando a música em versão mais punk ao vivo em São Paulo e todo o disco de estreia da dupla, “MAR”.

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A foto do duo deste post é de João Sal, do grupo Rolê SP, feita numa invasão no antigo e abandonado colégio Equipe em São Paulo. A foto da home da Popload é de Daniela Ometto.

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