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Em meio a tantas nomenclaturas que a música hoje oferece, o incrível Far From Alaska, banda barulhenta vinda incrivelmente do Rio Grande do Norte, terra do maior festival indie do mundo (atente-se a adjetivos e superlativos da CENA), prefere não se render aos rótulos e se define como uma “banda de rock”. E é para manter este espírito do rock vivo que o grupo potiguar viajará até os Estados Unidos em alguns dias – mais precisamente dia 21 de janeiro – para gravar seu aguardado disco novo.
A boa nova não para por aí. Quem ficará encarregada de produzir e conduzir o trabalho é nada menos que a experiente Sylvia Massy, que receberá a banda brasileira em seu estúdio, na cidade de Ashland, no estado de Oregon, de onde os integrantes da banda prometem bastante interação com os fãs para falar de todo o processo de trabalho, que será full time e deve durar tipo um mês.
Sylvia tem no currículo trabalhos com bandas e artistas tipo Foo Fighters, Sonic Youth, Blur, Red Hot Chili Peppers e até, veja bem, Prince e Johnny Cash. Pouco, hein?
Antes do Far From Alaska viajar e ficar mais perto do Alaska (sério!!!), a Popload bateu um papo breve e delícia com a Cris Botarelli, uma das vocalistas e responsável pelas viagens sonoras do sintetizador e lap steel marcantes do grupo. Cris falou da expectativa das gravações, da volta do grupo aos Estados Unidos e, claro, da CENA indie Brasil hoje, cada vez mais internacional.
Fotos FFA: André Peniche
O Far From Alaska curtiu seu primeiro rolê internacional para shows no início do ano passado. Como foi a experiência e quais são os projetos para fora do país daqui pra frente?
Cris FFA – Foi demais! A gente tinha essa dúvida se o FFA seria uma banda interessante na gringa, se chamaria atenção das pessoas ou se seria mais uma banda de rock x. Isso porque a gente entende que o rock nos EUA, por exemplo, é como se fosse o samba no Brasil, nasceu lá, é lendário, cultural, grandes nomes surgiram e fazem parte do imaginário popular deles. Então, a gente achava que íamos encontrar um público difícil, mas não mesmo. A galera curtiu bastante o que viu, foi bem aberta a escutar e se entregaram ao show mesmo sem conhecer a banda. Na França do mesmo jeito, público atento e inclusive dançante! Melhor cenário impossível! Foi muito massa isso porque deu um gás novo pra gente, uma vontade doida de sair tocando nossos rock crazy por aí e é exatamente o que estamos planejando fazer. Conquistar mais 24 territórios e um à nossa escolha (haha jogadores de WAR entenderão).
Como surgiu a escolha da Sylvia Massy para trabalhar no novo álbum?
Cris FFA – Estávamos à procura de alguém para produzir nosso álbum há um tempão, mas a gente confessa que de forma meio preguiçosa, porque escolher um nome assim sem conhecer, ainda mais gringo, é complicado. A gente é meio hippie nesse sentido, tinha medo de “não rolar a vibe”! Por um amigo em comum dela com o nosso empresário Thiago Endrigo, acabamos esbarrando no nome da Sylvia e foi amor à primeira escutada! Primeiro porque ela é mina, segundo porque ela é maravilhosamente maluca, gosta muito de experimentação, assim como a gente, e, sei lá, bateu. Ficamos surpresos que ela aceitou fazer nosso disco diante de tanta coisa irada que ela já fez e é isso aí, vamos nessa!
Sylvia Massy será a responsável pela produção do novo álbum do grupo de Natal
Que tipo de pegada vocês esperam para este novo disco? Vocês já partem para o exterior com uma ideia moldada ou, quando as gravações começarem, podem rolar mudanças no meio do caminho?
Cris FFA – Dessa vez a gente se preocupou um pouco mais em compor mais canções, sabe? Essa coisa de conseguir tocar a música no violão no meio do luau e ser legal também? A gente não tinha tanto isso no primeiro, era mais riffão, grito e taca-lhe pau! Continua com tudo isso, mas as melodias estão mais legais, acho. E sim, a gente está indo sabendo exatamente o que quer, não tem como, o FFA é muito obsessivo nas composições, mas vamos pensar juntos lá no melhor jeito de chegar nesse resultado.
O FFA tem uma sonoridade peculiar, pesada, mas incrivelmente balanceada pela suas vozes femininas super bem colocadas. Como você tem visto essa “invasão” cada vez maior de meninas vocalistas em bandas de rock no Brasil?
Cris FFA – A gente acha que tá pouco, queremos mais bandas de meninas. Mais, mais, mais e mais. Quando tiverem muitas, aí a gente vai querer mais ainda, porque né, nunca é demais haha. Tem macharada demais já!
Esta parece ser uma época de proliferação da CENA alternativa no país, com cada vez mais bandas, gente engajada, selos, espaços para shows (até improvisados) e fortalecimento de festivais. Você acredita que pode estar ocorrendo, mesmo que em doses gradativas, uma pequena revolução no indie brasileiro? E o que falta para a CENA se fortificar de vez na sua opinião?
Cris FFA – Sim, acho que as ferramentas estão finalmente estabelecidas da forma mais democrática possível (internet, streaming, etc) e isso só tem ajudado o indie a crescer e se proliferar e se profissionalizar também.
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