Neste último domingo, a excelente banda psicodélica Bike, de São Paulo, levou seu som psicodélico até Ponta Grossa, no interior do Paraná, onde encerrou sua breve turnê pelo Sul do país. O show aconteceu em um evento comemorativo da Editora Monstro dos Mares, onde também se apresentaram os grupos Ácido (de Curitiba), Quazimorto (de Florianópolis) e as locais Yank Out e Hoovaranas. A Popload estava lá, no minúsculo Kingston Pub, para conferir.
Primeiro, destacamos aqui o ótimo show do Hoovaranas, sobre quem já falamos um pouco aqui na Popload. O trio continua com uma química impecável, passando com tranquilidade por diversas músicas do seu disco mais recente, “Alvorada”, de 2022, recomendadíssimo. Também estrearam duas músicas novas, que devem aparecer em um álbum futuro. Um destaque foi o pedal wah-wah do baixista Jorge Bahls, que fazia um estardalhaço e soava como qualquer coisa, menos um wah-wah.
Para fechar a noite, a Bike fez sua apresentação profissionalíssima de nível internacional. A maior parte do setlist (não escrito em lugar algum) focou em seu último álbum, “Arte Bruta”, lançado neste ano. Não tem como achar defeitos no jeito que a Bike toca. Som redondinho e equilibrado, guitarras cheias de nuances, baixo bem pronunciado na mixagem e bateria impecável. É um dos melhores shows psicodélicos e entrosados que se pode ver no Brasil.
Um detalhe interessante: tanto antes quanto depois do show, todos os quatro integrantes da Bike estavam interagindo com os presentes no local da apresentação, mas durante a performance em si eram pura concentração, sem fazer nem contato visual com a plateia.
No fim do concerto, durante a música “Boca do Sol”, um músico local (identificado apenas como “Igor”) foi ao palco com seu violino para fazer uma jam com a Bike. O violino se encaixou perfeitamente com toda a distorção da banda, enquanto os músicos se debruçavam sobre seus pedais para manipular efeitos sonoros, já longe das guitarras e do baixo. A plateia pediu “mais um” e, aparentemente de forma espontânea, mandaram “A Montanha Sagrada” para fechar a noite, também com Igor no violino.
Caso houvesse alguma dúvida, o evento deixou óbvio que ainda há bandas de rock novas e sedentas surgindo por todo canto do país, tocando nos mais diversos clubes dos mais inusitados lugares do Brasil, apesar de o gênero em questão continuar sendo um dos menos rentáveis na atualidade. Sugerimos ficar de olho em todos os grupos que mencionamos neste post.
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* As fotos da Bike que ilustram este post são de Leopoldo Stadler.