CENA – De Juiz de Fora para o mundo, a banda Varanda começa pela beirada. E contam por quê, pra quê

Com uma sonoridade que foge das armadilhas de uma geração que não se prende a gêneros e mistura um milhão de referências em um só disco, a banda mineira Varanda chega a “Beirada”, um primeiro álbum que condensa sua pegada variada em 11 interessantes faixas.

O quarteto juizforano vem despontando na CENA desde o lançamento de seu primeiro EP, “Ode ao Infinito” (2022). Com algumas excursões a São Paulo e outras capitais, acompanhadas pelo lançamento de uma série de bons singles como “Pressa” e “Vontade”, nos últimos anos, a Varanda vem acumulando fãs e construindo sua identidade sonora. 

“É legal ver que dentre essa galera tem gente que está com a Varanda desde o começo e gente que está chegando agora… Fomos amadurecendo e o público veio conosco. A sensação é que tudo que fizemos até aqui criou um cenário muito interessante para a chegada do disco”, revela Bernardo Merhy, baterista da banda.

No início do ano, o quarteto abraçou o “Emerson”, o apelido que a Varanda deu ao momento de “imersão” em estúdio, para arranjar as composições de Amélia do Carmo (autora da capa do disco, abaixo) e Augusto Vargas. 

As letras são um fator muito marcante para a identidade da banda. “Temos uma dinâmica legal de composição justamente por contrapor visões diferentes que se complementam. O Augusto é muito bom em pintar paisagens lúdicas e fazer associações mais livres e poéticas. Já eu curto as vezes levar pra um lado mais literal e objetivo, deixar a narrativa um pouco mais presente no cotidiano”, comentou Amélia.

Na audição do “Beirada” é preciso ficar atento, pois em um momento sua vocalista, Amélia do Carmo, está questionando “Por que, pra que tanta volta afinal?”, acompanhada por um arranjo marcado pela guitarra cheia de distorções de Mario Lorenzi e a bateria esperta de Bernardo Merhy, como na faixa que abre o disco, “P.Q.P.Q.”, estilismo para “por quê, pra quê”.

A certa altura, Amélia divide os vocais com o também baixista, Augusto Vargas, em uma sutil balada de voz e violão sobre a “Bahia e Aviões”. 

Em uma união muito boa entre o rock e a MPB, com a produção do carioca Paulo Emmery, a banda mineira conseguiu mesclar em seu trabalho novo as composições poéticas de Augusto com a visão cinematográfica da realidade de Amélia. E construir arranjos que privilegiam as sonoridades mais equilibradas, como uma banda que se ouve e toca junto. 

A conexão com outras bandas da CENA, como Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo, Ana Frango Elétrico, Tangolo Mangos e Pelados, é muito forte para o quarteto de Juiz de Fora. “Sinto que estamos no meio do caminho. Não somos nem tão ‘pequenos’ e nem tão ‘grandes’. E, ao mesmo tempo, conseguimos dialogar com uma galera que está começando e também com aqueles que já estão rodando faz um tempo”, comentou Mario. 

As duas participações no disco, de Manu Julian, vocalista das bandas paulistanas Pelados e Fernê (na faixa “Mexe Comigo”), e Dinho Almeida (da banda goiana Boogarins) (em “Desce Já”), representam perfeitamente esse meio do caminho onde a Varanda diz estar. E como seu som faz uma ponte importante entre os artistas indies brazucas. 

Após audição aberta de “Beirada” ao público em Juiz de Fora, no clube Versus, no dia 6 de setembro, o show de estreia do álbum será em grande estilo no auditório do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, no dia 12 de setembro, às 20h.

A apresentação ainda contará com participações especiais de Manu Julian e Dinho Almeida. A Varanda ainda segue no dia seguinte, 13 de setembro, para apresentação ao vivo em Piracicaba, no Casarão, dividindo a noite com a Bahsi e a Babyycult.

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* As fotos da Varanda, usadas para este post, são de Yan Gabriel.