CENA – Da Sydney Opera House ao Bona, em SP. Francisca Barreto, virtuose indie do violoncelo, mostra hoje, ao vivo, seu espetáculo a partir de um single


Hoje, no Bona Casa de Música, em São Paulo, acontece o apenas terceiro show solo da artista paulistana Francisca Barreto. Ela ainda não tem um álbum próprio lançado, aliás nem notícias sobre o disco ainda, mas na apresentação desta noite a paulistana Francisca, apenas 22 anos, celebra ao vivo o lançamento de seu single de estreia da vida, “Habana”, cantada por ela em… espanhol. E tocada por ela, com banda, a partir de seu… violoncelo.

Nesta terça, às 20h, seria somente mais um dos primeiros movimentos no palco de uma jovem artista não fosse hoje uma de suas raras aparições desde que voltou de uma turnê pela Austrália e Ásia, passando por Itália, Japão e Coreia, como integrante da banda do conhecido cantor, multiinstrumentista e produtor irlandês Damien Rice, que a tomou boa parte de 2023 e 2024 e só foi acabar agora em fevereiro de 2025.

Um desses concertos de Rice no qual Francisca participou, inclusive, foi na suntuosa Sydney Opera House, um dos lugares para espetáculos mais marcante no mundo.

Se já tem uma história internacional bizarra para contar, Francisca Barreto não é necessariamente supernova para parte do público independente de São Paulo, sua cidade. Ela foi parceira de cena nos shows de outra jovem talentosa musicista, a Nina Maia, sua parceira de escola, praticamente da mesma idade. Era Nina nos teclados, Francisca no Cello.

Ok, da Sydney Opera House ao Bona Casa de Música, mas começando do começo, precisamos falar sobre a história de Francisca Barreto com a música, que começou com a decisão de aprender a tocar violoncelo aos 16 anos, quando ainda estava na escola.

“A primeira coisa que me chamou a atenção foi o formato estético dele. Eu vi uma pessoa tocando cello na rua e todo o movimento [de tocar] parecia um pouco com o balé”, contou Francisca em entrevista à Popload, explicando que antes de ser música já tinha cultivado o sonho de tornar-se bailarina. 

Um ano após iniciar seus estudos musicais, veio a pandemia e neste período conheceu seu professor, Yaniel Matos, um dos maiores violoncelistas da atualidade, que assina inclusive a composição de seu primeiro single, “Havana”. 

Francisca desbrava a CENA há alguns anos, tocando com amigos, principalmente com a mencionada amiga Nina Maia, com quem divide duas músicas: “Gosto Meio Doce” e “Amargo”.

“De certa maneira, eu acabei pulando alguns degraus”, comenta Francisca. “Eu já tocava, tinha meus shows e músicas, mas antes do Damien [Rice] entrar em contato comigo, eu nunca tinha feito um show grande, digamos.”

Esse encontro Francisca Barreto se deu meio casual, por Instagram. Foi a partir de alguns vídeos seus tocando seu cello e cantando simultaneamente, postado por ela em suas redes pessoais, que Damien Rice, entrou em contato com ela e lhe fez um convite irrecusável. 

“Acho que o Damien precisava de alguém que cantasse e tocasse junto. […] Ele acabou me chamando para uma audição na Islândia, assim meio de susto, em 2023 […]. E um mês depois eu fui para a Austrália fazer o primeiro show com ele,”, compartilhou Francisca. Este primeiro show foi exatamente na Sydney Opera House, uma das casas mais icônicas do planeta, em maio de 2023, que foi repetido no dia seguinte.

Este processo foi essencial para seu crescimento como musicista e a decisão de gravar sua primeira música solo. “Havana” é uma novidade nos streamings, lançada no final de março deste ano pelo pequeno selo Seloki. Mas a música já faz parte do repertório de Francisca há um tempo. 

Esta é uma canção que Yaniel compôs quando estava se mudando de seu país de origem, Cuba, para o Brasil. “Ele escreveu essa música com esse sentimento, de ‘Estou indo embora, sinto saudade, mas estou feliz aqui onde eu vim, também’. E isso me pegou muito”, compartilhou Francisca.

Para Francisca esta canção “funciona muito bem só no cello e voz, funciona com banda, funciona de um jeito um pouco mais jazz, um pouco mais pop. […] é versátil”.

Francisca optou por trazer, em “Habana”, um arranjo sofisticado e fluido, quase como uma dança entre a música clássica e contemporânea, em que sua voz é a guia para o ouvinte. “Quis criar um arranjo vocal no qual as aberturas e camadas de voz vão crescendo progressivamente”, explicou.

A escolha do arranjo, que teve co-produção de Victor Kroner, não foi simples, dada a versatilidade da música. Francisca optou por trazer um arranjo sofisticado e fluido, quase como uma dança entre a música clássica e contemporânea, em que sua voz é a guia para o ouvinte. “Quis criar um arranjo vocal no qual as aberturas e camadas de voz vão crescendo progressivamente”, completou a artista.

Abaixo, Francisca Barreto e sua “Habana”

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* As fotos que ilustram este post e a chamada na home do site são de Henrique Tarricone.