Este disco não é o primeiro trabalho solo de Zé Ibarra.
Quase como em um livro que conta sua história, “Marques, 256”, álbum de oito músicas lançado hoje pelo selo Coala Records, serve na verdade como uma introdução. Vem antes, num prólogo, para mostrar como o cantor carioca chegou até aqui.
O conjunto de oito interpretações e composições próprias são canções que seguiram Zé Ibarra em sua carreira musical para além do Bala Desejo, como “San Vicente”, de Milton Nascimento, a quem acompanhou em turnês nos últimos anos, e “Itamonte”, de sua primeira banda, a Dônica, com Tom Veloso e Lucas Nunes.
O projeto é composto pelo disco e um material de audiovisual, este que você vê abaixo, em que acompanhamos Zé Ibarra, 26 anos, em performances mais orgânicas das canções no prédio que inspirou o nome do trabalho, mais especificamente nas escadarias onde Zé fez suas lives durante a pandemia.
Para o cantor o lugar a ele é muito especial. “Até hoje, quando me apaixono por uma canção e quero cantá-la, é para lá que volto, para ouvir o som que reverbera naqueles corredores. É quase como extensão do meu corpo, faz parte de mim.”
A escolha da estética mais simples da voz e violão foi certeira para o cantor. “O tema do projeto é este: a voz e a canção, como tantos outros já fizeram; esse é um lugar muito bonito e quase de afeto dentro da música popular brasileira, e quis contribuir com isso como pude.”
Assim, a escolha de faixas seguiu o pensamento de uma produção minimalista, com acompanhamentos sutis em violão ou piano, para que a voz de Zé fosse o foco nas canções.
E sua voz vem potente e brilha em músicas em que o artista revisitou encontros e inspirações, como na faixa “Olho d’Água”, de Waly Salomão e Caetano Veloso. Um destaque é a faixa “Como eu queria voltar”, canção de gravação inédita, composta junto a Tom Veloso e Lucas Nunes, que já estava presente nas performances ao vivo e em lives de Zé Ibarra havia anos.
Esse é um primeiro gostinho de Zé Ibarra em versão solo. Seu primeiro álbum de fato deve ser lançado em 2024.
Por enquanto nos deliciamos com essas canções que são a personificação da clássica MPB em uma nova geração.