* Não à música moderna. Um movimento roots sincerão que existe forte no futebol mundial às vezes se aplica à música, como no caso desta volta à forma do músico Bonifrate, nome importante da cena carioca, um dos fundadores da excelentíssima banda Supercordas, saudosa.
Ou o cara estava sumidão ou a Popload andou comendo bola sobre os movimentos de Pedro Bonifrate, porque fomos ver e o último post a respeito dele havia sido publicado aqui em 2015.
Mas não mais. Agora ele está aqui, alive and kicking, preparando o lançamento de seu próximo disco, “Cacito”, que será lançado em julho digitalmente e em vinil pelo selo americano OAR, o mesmo de Boogarins, Carabobina e Wry, para citar três brasileiros do “cast”. Álbum analógico, como ele faz questão de apontar.
Essa “preparação” começa por um single e vídeo para a canção “Rei Lagarto”, que você ouve e assiste agora, com exclusividade. Feitos com um som cru, real, analógico, mecânico.
“Gravei todas as baterias de verdade e cerca de 90% dos sons de teclado são do Casio MT400v – um instrumento eletrônico que tem quase a minha idade. É dele também a batida que se ouve ao longo do single, o que me fez, de brincadeira, chamar esse som de Casio-Pop”, revela Bonifrate, que tem nove anos foi se refugiar na zona rural de Paraty, litoral sul do Rio, onde nasceu e voltou.
É nesse ambiente que ele se inspirou em pegadas filosóficas e experimentos sonoros solitários para a sua música, como essa bela e rocker e, vá lá, crua “Rei Lagarto”.
“Em 2018, um tempo depois do fim dos Supercordas, e já num certo isolamento dos amigos músicos que costumavam me acompanhar em shows, comecei a projetar uma performance solo com violão e Casiotone ligados num looper. O formato se consolidou no ano seguinte e, durante um ensaio testando ritmos e baixos do Casiotone, acabei compondo a célula que se transformou em ‘Rei Lagarto’. A ideia central da canção me veio quando observava um dos lagartos que exploram meu jardim atrás de comida. A textura das escamas e os movimentos lentos e precisos reacenderam em mim algumas questões filosóficas fundamentais. ‘Por que padrões emergem? Por que estar aqui’, na posição de, além de compartilhar com aquele teiú uma origem comum, poder observá-lo e catalogá-lo, pensar sobre ele, sobre os impérios, sobre nossas ações no mundo?”
A produção e direção do videoarte de “Rei Lagarto” é de Bonifrate. A brisa aquática vem de imagens de um passeio com a filha no aquário do Rio de Janeiro sobrepostas a efeitos e texturas visuais.
Tudo certo com tudo? Resta dizer bem-vindo de volta, Bonifrate.
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* As fotos de Bonifrate usadas para este post são de Antonia Moura.
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