A banda paraibana Glue Trip tem sido destaque na CENA nos últimos anos com a sua exploração das sonoridades psicodélicas misturadas às tradições da música brasileira. Isso faz 10 anos, já. E, para comemorar a década de bons serviços e bela ginga prestadas ao indie nacional, o grupo de Lucas Moura faz apresentação festiva hoje à noite no Cine Joia, em São Paulo, casa de shows quase da mesma idade da Glue Trip.
A Popload conversou com Moura (o cara de branco na foto lá embaixo) sobre a celebração de hoje, a história da banda e o que o futuro guarda para a Glue Trip.
Pensando em retrospectiva, tudo começou como um projeto despretensioso, quando Lucas Moura ainda morava na Paraíba. O artista se uniu a um parceiro e começou a explorar programas de produção musical, seguindo aquele clássico caminho indie de soltar algumas faixas no SoundCloud.
Essas faixas chamaram a atenção de Beto Villares, então programador do Sesc Pompeia, que convidou a banda para tocar no extinto “Prata da Casa”, uma curadoria focada em novos artistas.
O detalhe? Não existia banda ainda. “A gente teve que arrumar uma banda em um mês, porque a gente tinha que tocar e aí eu juntei uma galera”, relembra Lucas. E dali para frente a Glue Trip nunca parou de tocar, inclusive na Europa. Apesar de algumas mudanças na formação da banda, Lucas segue liderando o projeto.
O ano de virada para a Glue Trip foi 2016, quando “fizemos bastante shows e tocamos em festivais grandes”, falou Lucas. Mas deixar João Pessoa e finalmente se mudar para São Paulo só foi acontecer em 2019, alguns meses antes da pandemia. Inclusive, o último show da banda antes do mundo se trancar foi no Cine Joia.
“Foi muito especial em vários sentidos. A gente fez o show na quinta e no sábado já estava tudo em lockdown. E o mais legal foi que nessas apresentações tínhamos três participações: YMA, Otto e Felipe S. Que, coincidentemente, seriam as participações do disco “Nada Tropical” [o terceiro da banda, lançado em 2022].
Hoje, no show do Cine Joia, quem faz a participação especial é a emergente cantora Bebé. Quem está encarregado de ser a atração de abertura da noite é o grupo Viratempo.
Quando perguntamos para Lucas como ele conheceu o trabalho de Bebé, o cantor disse que a música da cantora apareceu para ele durante a turnê da banda pela Europa no ano passado. “No meio da turnê, a gente estava indo de um lugar para outro e no caminho entrou uma playlist aleatória de música brasileira. E de repente surgiu um som dela [Bebé]. Tenta me entender: surgiu esse som e aí eu fiquei tipo ‘Pô, que som foda’, falando para os outros.” E, nesta sexta, Bebé se junta à Glue Trip.
Quando fazemos uma reflexão sobre a carreira e os últimos 10 anos de estrada, Lucas enxerga o processo assim: “Os dez anos não foram fáceis. O mercado da música brasileira é um mercado muito fragilizado. […] Foi uma grande caminhada para chegar até aqui, mas tenho muito orgulho de termos alcançado este marco de uma década.”
Para o repertório desta noite, Lucas quer “passear pela discografia toda da Glue Trip. Vamos dar um passeio pelos três discos lançados e fazer uma viagem que na nossa cabeça faz muito sentido”. Ou seja, total psicodelia.
Sobre o futuro da Glue Trip, ele já acontece daqui a poucos dias. A banda vai embarcar ao futuro, a Glue Trip embarca em breve para os EUA como “official artist” do enorme festival SXSW, em Austin, na primeira vez de Lucas Moura e turma nos EUA.
Da Paraíba ao Texas em dez anos, é uma bela trip. Ainda mais fazendo um esquenta hoje à noite no Cine Joia, em São Paulo.
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* A Glue Trip toca nesta noite no Cine Joia, na Liberdade, em São Paulo. O show está previsto para começar às 23h30 e com participação da cantora Bebé. Antes, às 22h, a banda Catavento abre a noite. Ingressos podem ser comprados aqui.