* “Será que o Mercado vai lavar suas mãos invisíveis?”
A cantora e guitarrista mineira Sara Não Tem Nome, que na verdade tem e é Sara Braga mas a coisa não tem simples assim, está de volta. A letra inicial de seu mais novo single, “Agora”, inédita que sai ~agora~ muito tempo depois de seu primeiro álbum, “Ômega III” (2015), e do single “Geografia” (2016), tudo muito fofo, tudo muito bonito, vem impregnada de pandemia, descontrole ambiental, coisas atuais ruins.
O “Mercado” citado da letra tem maiúsculas minhas, como a entidade cruel que regula economia e comportamentos da população sob a prisma do dinheiro.
Se a gente vive uma espécie de volta do pós-punk inglês dark e sem futuro, Sara Não Tem Nome é a nossa Joy Division às avessas. Foi da popice dançante mineira ao nosso “no future” particular e mineiro. E, em trajetória mais às avessas ainda, vai aos Sex Pistols no fim e proclama que “o futuro é agora”. Mas de seu jeitinho. “Não há mais tempo/ Não dá pra esperar/ A hora é agora.”
Viagens sonoras à parte, a niilista Sara faz uma indie-MPB não para iniciantes. Sempre fez. Mistura Brasilzão, mineirices e dream pop. Vamos descobrir o que mais ainda neste ano, quando sairá “A Situação”, seu segundo disco e da qual “Agora” faz parte.
Esta intensa “Agora” foi produzida e gravada pela mineira em sua casa, no autodemoninado estúdio “Quarto Intergaláctico”. O vídeo dela, em produção, chega agora em maio. A arte da capa, acima, foi criada por Victor Galvão, que também mixou a música. Tudo em casa.
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* A foto de Sara na chamada da home da Popload para este post é de Leo Longo.
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