Nos bastidores do C6 Fest: Pavement e o último (e maravilhoso) show da história da banda. Será?

É quase explicável, porém nao deixa de ser engraçado para nós.

A seminal banda Sonic Youth encerrou sua marcante carreira de 30 anos com um show no interior de São Paulo, em 2011. Foi na cidade de Paulínia, durante uma edição do extingo festival SWU.

Também em 2011, o importantíssimo grupo dance-punk LCD Soundsystem quaaaase encerrou suas atividades na América do Sul depois de anunciar seu fim no começo daquele ano com uma série de shows que incluiria um Popload Gig em São Paulo, entre outras “últimas apresentações” colocadas por nosso selo de shows também no Rio e em Porto Alegre. Daí eles resolveram fazer, para acabar meeeeeesmo, uma série de shows finais em Nova York, a terra deles, dois meses depois, culminando num derradeiro na gigantesca arena Madison Square Garden (o LCD voltaria a se apresentar cinco anos mais tarde e estão “vivos” até hoje.)

Ontem, domingão à noite, outra banda-herói da música independente, o Pavement, na ativa há 35 anos, fez no parque do Ibirapuera, durante o C6 Fest, o que seria seu último show mesmo de um decantado fim de atividades.

Pelo o que escutou nos bastidores do festival, após a emocionante apresentação paulistana da banda, o veterano grupo não tem mais espaço e físico para turnês como Pavement e vai retomar todos os outros projetos musicais paralelos, mais “administráveis”.

“Dificilmente voltaremos [a tocar]. Tem muitas invialibidades para nós a esta altura da vida, para reunir toda a equipe e banda para viajar por meses”, disse um ainda suado Steve West, baterista do Pavement, banda que voltou a se apresentar ao vivo depois da pandemia para comemorarem os 30 anos de vida, sempre afirmando que seria um último giro.

“Mas shows como esses que acabamos de fazer”, continuou West, “não conseguimos estar preparados nunca. Aqui na América do Sul nos tratam como superstars, é bizarro. Nos outros lugares o público é até OK, sabem algumas músicas, cantam juntos. Mas aqui tudo é impressionante.”

Stephen Malkmus, que andou até jogando tênis nos tempos livres aqui em São Paulo, disse que é hora de retomarem os projetos paralelos suspensos pela atividade intensa que o Pavement provoca na vida deles.

Com uma cara de “não sei direito o que vou fazer no futuro próximo tirando dar uma descansadinha”, a gente meio que sabe. Malkmus deve lançar uma nova banda oficialmente em breve, para além de seu trabalho solo. E vai vir com disco e anúncio de turnê.

Sobre o show do Pavement, dificil escapar de defini-lo com uma só palavra: emocionante. Desde a abertura, oferecendo a apresentação toda a ativista indie Fernanda Azevedo, de BH, que nos deixou na semana passada, até o maravilhoso setlist, que incluiu até “Box Elder”, música do primeiro EP do Pavement, de 1993, que virou hit entre os fãs em shows, nos anos 90. E virou até cover de uma brilhante banda inglesa da época, a Wedding Present.

O Pavement ainda dedicou o seu hit, “Cut Your Hair”, para a galera de Porto Alegre. E tocou bem seu sucesso inesperado, “Harness Your Hopes”, música arancada da lista final do álbum “Brighten the Corners”, de 1997, e que entrou como sobra para uma reedição deluxe do disco dez anos depois.

Em 2020, “Harness Your Hopes” viralizou no TikTok, ganhou um vídeo oficial depois disso, entrou a fórceps nos setlist da banda e já atinge quase 150 milhões de escutadas no Spotify, em anos recentes. Para dar uma ideia, a música mais conhecida do Pavement, “Cut Your Hair”, que tem 30 anos de idade, tem 42 milhões de streamings. Loucura.

Abaixo, fotos do show do Pavement em SP no C6 Fest, de autorias do gênio Rodolfo Yuzo em especial para a Popload. E, sim, vídeos de Youtube da galera.