Um dos shows mais esperados do último C6 Fest não era um dos shows mais esperados do último C6 Fest quando ele foi anunciado, no final do ano passado. Porém, no festival que aconteceu de sexta a domingo agora em SP, a cantora britânica Raye passou como um cometa pelo Ibirapuera. Cometa mesmo, que alegoricamente ilustra perfeito sua fulminante carreira de dois anos para cá. Basicamente dá para dizer que o C6 Fest contratou uma Raye e acabou trazendo para o Brasil um outra Raye bem maior. O poploader Vinícius Dota dá uma pincelada abaixo em como foi o lindo show da nova diva da música mundial, no sábado.
“Eu vou sentar na primeira fileira e, baby, então você pode começar a chorar aquelas lágrimas de ganhadores do Oscar.”
Quem chora por último, chora melhor. Mal sabia a artista inglesa Raye que o falso pranto derramado pelo personagem de seu último relacionamento, descrito no refrão de “Oscar Winning Tears”, primeira faixa de seu álbum debut “My 21st Century Blues” (2023), seria apenas o início das muitas lágrimas, mas de vitórias, que estavam por vir.
Apontada como uma das atrações mais esperadas do line-up do excelente C6 Fest, Raye desembarcou no Brasil no último sábado com sua bandona de respeito, alimentada por sua absurdamente crescente popularidade nos últimos meses. E ela não desapontou ao superar todas as expectativas.
Desde o anúncio de sua vinda ao Brasil, Raye não apenas fez uma aparição na televisão americana no emblemático “Saturday Night Live” (um termômetro que destaca artistas promissores da atualidade), como também quebrou o recorde de maior número de indicações por um único artista em um ano no Brit Awards – e, se não bastasse, levou para casa seis prêmios!
Tanto na TV americana quanto no prêmio inglês, Raye apresentou sua faixa “Escapism”, um hit hoje bem relevante que ela guardou até os momentos finais do show de sábado, para o público que encheu bem o gramado da Arena Heineken, no complexo externo do Auditório do Ibirapuera.
Com um alcance vocal e presença de palco impressionantes, trajada em um vestido longo vermelho e acompanhada por uma banda de músicos extremamente talentosos (que elevaram ainda mais o nível do espetáculo), Raye fez de seu setlist uma vitrine para provar sua habilidade única de transitar por elementos do R&B, jazz e dance music. Muitos sentiram um certo saudosismo, referenciando sua eterna diva conterrânea, Amy Winehouse. Era inevitável, mas não era só isso.
“Black Mascara”, “Worth It” e “Ice Cream Man” se entrelaçaram com o coro dos fãs, formando mais que um desfile de sucessos precoces, mas principalmente uma plataforma onde Raye compartilha os altos e baixos de sua jornada pessoal e profissional, criando momentos de conexão com os presentes.
Apesar de se desculpar por qualquer impacto que seu quadro de intoxicação alimentar (“bad oisters”) pudesse estar afetando sua performance paulistana, ela retribuiu com uma atuação apaixonada, permitindo que o público testemunhasse algo extraordinário para a música contemporânea. Bem ali, diante dos nossos olhos.
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Texto por Vinícius Dota (@viniciusdota).
Fotos por Rodolfo Yuzo (@rodolfoyuzo).