Brian Jonestown Massacre sendo Brian Jonestown Massacre. Membros da banda quebram o pau no palco, em começo de show na Austrália

Não pela fofoca de briga em si, mas bem mais pela vocação por problemas da banda indie psicodélica Brian Jonestown Massacre. O show do grupo ontem à noite em Melbourne, na Austrália, terminou em seu começo porque dois de seus integrantes se atacaram em pleno palco.

O entrevero, mais um da banda do “difícil” Aston Newcombe, aconteceu em apresentação no Forum Theatre, durante a tour australiana. Ainda aconteceriam mais três concertos dessa turnê, até o final do mês, mas eles foram cancelados.

Claro, a briga envolveu Newcombe, que praticamente demitiu o guitarrista no palco na sexta música do show, mandando o outro guitarista, Ryan Van Kriedt, botar o instrumento (“Minha guitarra”) no chão e ir embora dali.

Os dois terminaram se pegando feio, rolando no palco, enquanto o público (2 mil pessoas lotavam o lugar) fã da banda assistiu tudo incrédulo e vaiando a briga. Newcombe chegou a acertar a cabeça de Kriedt com sua guitarra.

Brigas chegam a ser “normais” na trajetória do BJM desde sua fundação, naquele fervido comecinho dos anos 90. Muito por causa do temperamento difícil de seu dono, o encrenqueiro Aston Newcombe.

Um famoso documentário dos anos 2000, mais precisamente de 2004 e chamado “Dig”, altamente recomendável, mostra a relação de amor e ódio de duas bandas amigas e “amigas” da cena alternativa americana daqueles tempos. O Brian Jonestown Massacre de Newcombe é uma. A outra é o Dandy Warhols, de Courtney Taylor-Taylor.

O foco de “Dig” era exatamente o que tinha acontecido com o Nirvana e Kurt Cobain. Saber lidar com uma certa popularidade sem sucumbir ao mercantilismo da voraz indústria da música dos 90/2000. Privilegiar sua arte diante de uma possibilidade comercial e se “manter íntegro”, uma grande questão à época. Taylor-Taylor não ligava para isso. Newcombe era resistente. O pau entre eles quebrou por conta disso.

“Dig”, o documentário, ganhou o grande prêmio do júri da categoria no prestigioso festival de Sundance, nos EUA. O filme ainda foi adquirido pelo Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York, para seu acervo permanente.

O Brian Jonestown Massacre sempre se manteve nos subterrâneos do rock americano. Neste ano, em fevereiro, lançou seu 12º álbum, “The Future Is Your Past”, nome sugestivo. Em 20 de abril, a banda psicodélica fez um ótimo show no Cine Joia, em São Paulo.

Depois da briga de ontem em Melbourne, Newcombe, com a roupa rasgada no quebra-pau, foi ao microfone falar alguma coisa, mas foi interrompido pela equipe técnica do lugar, que cortou sua voz e baixou as cortinas do Forum, sob vaia da galera, que conseguiu assistir só cinco músicas inteiras da banda. Estava sendo o nono show do BJM no giro australiano. Foi o último.

Abaixo, o massacre do Brian Jonestown Massacre.