Nesta segunda-feira que passou, a superbanda boygenius surpreendeu sua já grande legião de devotados fãs com o anúncio de “The Rest”, um EP com quatro faixas a sair sete meses depois de seu aclamado álbum de estreia, “The Record”.
Desse disquinho, que sai no próximo dia 13, botamos aqui a faixa de abertura, “Black Hole”, revelada na versão ao vivo no primeiro show da banda em Boston.
Na terça, no mesmo lugar, no segundo concerto do trio Bridgers-Dacus-Baker em Boston, outra inédita do EP apareceu: “Afraid of Heights” (veja lá embaixo).
O EP, os fãs das boygenius têm especulado em redes sociais, traz uma questão que precisa já de uma resposta, uma vez que “rest” em inglês apresenta um duplo sentido. Este seria o resto do álbum de março ou significa um descanso para a banda depois desse lançamento importante e a consequente e exaustiva tour?
Bom perguntar também, já na altura dos últimos três meses de 2023, uma vez que concordamos todos (!) que a boygenius é o comeback do ano: por quanto tempo ainda a banda será um mistério (não só pelo nome de seu EP).
Quando Phoebe Bridgers, Julien Baker e Lucy Dacus se uniram em 2018 e lançaram seu primeiro EP “boygenius”, todos imediatamente alçaram a união a um lugar de supergrupo indie. Na época, o projeto foi curto, mas o impacto foi duradouro para as três artistas que ainda estavam no início de suas carreiras e construíram suas trajetórias assim, sozinhas.
Passados cinco anos, a volta da boygenius vem com o “The Record”, um álbum que marca o debut do trio em uma grande gravadora, e uma turnê “mundial” pelos Estados Unidos e Europa, incluindo shows esgotados no Madison Square Garden, em Nova York, e no Hollywood Bowl, em Los Angeles.
O que tem de diferente na união de Phoebe, Julien e Lucy das suas carreiras solos que gerou tamanho sucesso?
Cada membro da banda trouxe um pouco de seu estilo e o resultado é uma tradução simples e realista da juventude atual e seus acasos em músicas. Elas cantam sobre o amor romântico, o amor platônico e o desamor. Isso ressoa com as pessoas, principalmente o público gen z que tem a cultura de falar mais abertamente sobre sentimentos e sofrimentos, principalmente depois de terem arrancados quase dois anos de sua ainda curta vida, por causa de uma epidemia mundial bizarra.
O trio boygenius teve a capacidade de imbuir suas músicas de descrições precisas do sentimento horrível de se deixar conhecer por alguém e se importar com outras pessoas mais do que você se importa consigo mesmo, de uma forma genuína e assustadoramente clara, seja na forma musical e principalmente nas letras.
De alguma forma, a boygenius também volta às raízes do rock como música para expressar um comportamento social de contracultura. A Olivia Rodrigo não está sozinha nessa. Phoebe, Julien e Lucy colocaram como premissa traduzir seus ideais em todo momento, no sentido de como elas se vestem nos shows ou em editoriais, ou o que falam nas entrevistas. E, claro, o jeito como elas se comportam no palco, mostrando o amor livre que sentem umas pelas outras.
Este último elemento fez com que muitos questionem se existe algo além da amizade. É muito simples tirar boygenius de um lugar de banda de rock e reduzi-las a três mulheres que se beijam num palco.
Essa é a essência, inclusive, do nome boygenius, uma brincadeira com o costume da indústria de colocar homens músicos neste lugar de genialidade em detrimento de mulheres. O tema está muito presente no disco, um exemplo é a ponte de “Not Strong Enough”, em que as três harmonizam “Always an angel / never a god”, em referência àquele sentimento que só mulheres sabem: de serem boas, mas nunca as melhores, nunca serem homens.
O futuro da boygenius é incerto, mas, por enquanto, o EP “The Rest” sai no dia 13 de outubro e o último show marcado da banda é no dia 31 de outubro. E por aqui ficamos, como grande parte da(o)s fãs da banda, na torcida para que a turnê continue. E que elas, até, venham para cá. Come to Brasil, “boys”!