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* Outro poderoso e aguardado disco de 2021 acaba de sair com um barulho equivalente a um disco poderoso e aguardado. E cheio de significados. E convidados especiais. Chega hoje aos nossos ouvidos “TYRON”, o novo álbum marrento do rapper britânico slowthai, seu segundo disco. Repare nas nomenclaturas, em maiúsculas e minúsculas. É importante.
O disco, ainda que nas plataformas digitais, tem lado A e lado B bem divididos. O A tem só porrada e participações-porrada, como o gênio Skepta e o casca A$AP Rocky. E as músicas estão em maiúsculas. Booom!
O B, lado mais maneiro representado por canções em minúsculas, carrega convidados na linha James Blake e Dominic Fike e são mais, digamos “introspectivas”. É o slowthai na linha mais sensível e reflexiva. Boooom! também.
Tyron, que em letras grandes dá título ao disco novo, é o nome real de batismo de slowthai, o que pode significar as polaridades escancaradas do rapper assumindo a si mesmo muito além da persona polêmica que se tornou em tão curta e agitada carreira.
slowthai ainda tem 26 anos e apenas um álbum de estreia, o explosivo “Nothing Great about Britain”, de 2019, uma metralhadora sonora e política contra o estado atual da Inglaterra, disparando contra tudo e todos por meio de um excelente hip hop britânico, o grime. De tudo o que envolve seu nome de 2018 para cá, parece que slowthai tem uns dez anos de carreira.
Talvez slowthai, com “TYRON”, possa levar o grime a se consolidar mais nos EUA, que nunca deu muita bola ao tão próprio e específico hip hip britânico, mas de uns anos para cá anda dando. Os últimos singles de slowthai, suas marras gerais caseiras e principalmente seu som bem “british”, tudo está sendo contado com força por “entidades musicais americanas”, tipo a revista “Rolling Stone”, o site indie “Pitchfork”, os disputados programas de entrevistas noturnos e radialistas como Zane Lowe (Apple Music).
Ontem, véspera de apresentar ao mundo seu segundo álbum para mostrar se é bom mesmo, lançou o ótimo single “CANCELLED”, sob a temática que mais tem marcado sua trajetória treta: o seu cancelamento de tudo. E o quanto ele não está preocupado com isso.
“Está escorrendo sangue do seu pescoço. Está escorrendo sangue do seu pescoço. Sou um vampiro com meus caninos em você”, diz a letra de “CANCELLED”. “Como você vai me cancelar? 20 prêmios na parede da minha lareira. Palco Pyramid no Glastonbury. Garotas se matando na galera para chegar perto de mim.”
“TYRON” está lançado e muitos significados e consequências vão emergir ainda deste segundo disco do slowthai. Por enquanto fiquemos com a participação de slowthai como atração musical do Jimmy Fallon na quarta à noite, em vídeo vampiresco de “CANCELLED” gravado com o parça Skepta e enviado ao programa americano. E, sim, o vídeo oficial da música, lançado ontem, uma certa homenagem a filmes de terror americanos mas com simbologia slowthainiana que vai muito além disso.
Sobre o disco novo, seu hip hop, o vídeo de “CANCELLED”, suas tretas em premiações como o NME Awards, seus manos, a parceria com o Skepta, as lascadas contra os políticos, slowthai falou uma ou duas coisinhas para a “Rolling Stone” americana:
“Eu sei quem eu sou e sei o que sou. Ninguém pode me dizer algo diferente. Ninguém pode mudar o curso do meu destino baseado em “views” e opiniões. Eu não sou esse tipo. Estou aqui para mudar coisas, para fazer as coisas ficarem melhores. E estou aqui para guiar as pessoas com otimismo para um futuro mais brilhante.”
Ok?
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