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* A cidade de Liverpool, a terra que já nos deu os Beatles, está prestando outro grande e revolucionário serviço à música. No último final de semana, um grande show para 5 mil pessoas, da bastante popular banda Blossoms (foto abaixo), aconteceu no sábado, como teste aglomerando público para servir de teste da Covid, ou do pós-Covid, ou da convivência com a Covid.
Na sexta e no sábado, uma balada para 6 mil pessoas com DJs na linha Fatboy Slim, em clube fechado, também rolou na cidade do norte da Inglaterra, com o mesmo propósito.
É uma realidade muito distante da que a gente vive aqui no Brasil, tanto no trato governamental à pandemia _ ainda que a politicagem britânica não seja lá um primor_ quanto ao respeito da população ao lockdown e à vontade de que este tormento mundial passe _ainda que uma multa bem pesada imposta àqueles que desobedecessem as regras sanitárias era um “convite à conscientização”. O jeito é, a partir de Liverpool (essa cidade considerada um laboratório pelas boas decisões recentes sobre enfrentamentos sociais à pandemia), nós mirarmos o nosso futuro a partir desse experimento inglês.
A apresentação do Blossoms, dentro de uma tenda enorme erguida no parque Sefton, significa o primeiro show no Reino Unido desde março do ano passado, há mais de um ano, e aconteceu com o público sem nenhuma restrição que lembra este período de trevas musicais. Foi a primeira realização-teste para avaliar efeitos pandêmicos sobre os eventos de verão, que estão para acontecer mais e mais a partir de junho/julho.
Cada pessoa que foi ao show tinha que apresentar um teste negativo para Covid, feito horas antes do show em quatro postos da cidade, indicados para atender a esse evento. E preencher um questionário de saúde. Assim que chegaram ao local do show, poderiam tirar as máscaras. O ingresso era pago, normalmente anunciado dias antes e com todo o esquema de saúde esclarecido a quem quisesse ir. As entradas se esgotaram rapidinho.
Na saída do show, todo mundo recebia testes de PCR para levar para casa e fazê-lo no domingo e na sexta-feira que vem. E todo mundo era “incentivado” (não é obrigatório) reportar os resultados aos organizadores, para passar aos cientistas analisarem.
A ideia é que os especialistas estudarão todo o efeito de um show ao vivo na era Covid e como o vírus ainda pode se comportar em um evento assim, examinando os movimentos do público no local, a interação, a ventilação, o tempo de duração (entre os portões abrirem, os concertos começarem, acabarem e a galera continuar um pouco na tenda ao som de DJ foram seis horas de aglomeração), a comida consumida, o álcool ingerido.
Os meninos do Blossoms tiveram uma banda de abertura, a bombadinha The Lathum. Alex Moore, líder do Lathum, estava emocionadíssimo por tocar de novo, com público, num concerto “real”. “Não tenho palavras para esperar o que é tocar de novo assim, para ser honesto”, falou Moore à BBC inglesa.
Esta volta aos shows na Inglaterra, oficiosa, não só permitiu a galera ficar ombro a ombro na plateia como subir em ombros. Ou fazer crowdsurf ou subir no palco para um moshpit rápido.
“Me sinto humano vendo tudo isso acontecer novamente”, afirmou um menino do público à mesma BBC.
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Na sexta e no sábado, também como teste-Covid, aconteceram duas baladas-teste em Liverpool, num clube-galpão local famoso chamado Circus, com a presença de 6 mil clubbers cumprindo protocolos parecidos com o show, 3.000 a cada dia. A baladaça teve três DJs bem conhecidos no line-up: Sven Vath, Blessed Madonna e Fatboy Slim. “Foi o melhor dia da minha vida”, disse um dos frequentadores.
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** Perto de Liverpool, na cidade de Sheffield, do Arctic Monkeys, aconteceu ontem e segue nesta segunda-feira eventos-teste em um campeonato de snooker.
Tomara que tuuuuuuuuudo de certo nos testes ingleses. É de causar inveja aqui, mas também esperança na mesma medida.
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