Antes de ir se juntar a Lorde em turnê mundial, Nilüfer Yanya fascina São Paulo

Se você chegou até aqui e nunca ouviu o trabalho de Nilüfer Yanya, a internet provavelmente vai te servir comparações do tipo “como se a Sade produzisse um álbum da PJ Harvey”. E, sim, faz sentido.

E faz ainda mais sentido falar que ela toca guitarra com um dedilhado seco, quase oco, como se estivesse tentando coçar uma coceira que nunca passa.

Vindo do fim de uma maratona de festivais para promover seu último álbum, “My Method Actor”, e às vésperas de iniciar a turnê mundial na qual abrirá os shows da Lorde, Nilüfer Yanya passou por São Paulo nesta última quarta-feira, no já familiar Cine Joia e como parte do projeto Índigo, da produtora 30e, e a gente teve o privilégio de pegar essa artista fascinante no exato momento em que aparentemente tudo está prestes a explodir.

Com sua voz soulful e a proposta de um show mais imersivo, Yanya conduziu a noite com a calma característica que só ela domina, entregando as baladas românticas e intimistas que há tempos circulam nas playlists dos indies paulistanos.

Foi nesse momento inclusive que muitos perceberam que não eram os únicos a admirar o trabalho da inglesa, seja ouvindo no metrô, seja chapado em casa, à medida que os coros espontâneos e a exaltação coletiva tomavam conta do espaço. 

Movimentando-se pouco e raramente interagindo com o público, a artista acabou transformando essa distância, e até certa timidez, curiosamente em um elemento de magnetismo. O restante da banda, por sua vez, parecia genuinamente surpreso com o carinho da plateia, como se não esperasse encontrar um público tão dedicado e vocal.

O destaque paralelo da noite foi a saxofonista Jazzi Bobbi (que também cuidava dos teclados e backings vocals esporádicos), que não tenta nunca ocupar o centro das atenções, mas adiciona um colorido inesperado às músicas. 

O setlist percorreu diferentes fases da carreira da artista, passando por “pedradas” como “L/R”, “Midnight Sun”, “Binding” e “Like I Say (I Runaway)”, sem contar um cover do clássico “Rid of Me”, da PJ Jarvey, um repertório que ao vivo se mantém tão coeso quanto no estúdio. O clássico “parece que tô ouvindo igual do álbum”.

Ponto alto do Supernovembro de shows. Come back to Brazil, Nilü.