Aceite o agora. Saiu o disco novo do Idles. E você com isso tudo?

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* Bom, f*deu! Saiu o novo disco do Idles. Mas e você com isso?

“Ultra Mono”, o terceiro disco do grupo que lidera o importante movimento pós-punk britânico (inclua aqui os irlandeses, por favor) que, ao lado do hip hop britânico, o grime e suas variantes, há alguns anos vem pontuando música vigorosa, postura política, consciência social e os melhores shows ao vivo do planeta.

“Ultra Mono” é a aceitação do agora, diz o vocalista Joe Talbot. Porque não tem mais como sermos os mesmos. Os mesmos do primeiro ou do segundo álbum do Idles, por exemplo. Não dá para concordar mais.

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É preciso escolher suas guerras de 2020 em diante. Pegar o bonde da história. E não à toa a primeira música de “Ultra Mono” se chama “War”.

O Idles sempre foi uma banda de guerreiros. O show da banda no Glastonbury de 2019 mostrou isso. A música pró-imigrantes e anti-Brexit “Danny Nedelko” mostrou isso. A contundente “Mother”, sobre mãe, mulher, abusos, violências de masculinidade tóxica, mostrou isso.

Qual é a guerra do Idles desta vez, com o disco novo?

“O álbum é uma engrenagem de tudo o que não podemos controlar: nossa raça, nossa idade, nossa classe social e nosso passado. Tudo isso na forma do que podemos controlar absolutamente: nossa música, nosso agora”, é o comunicado oficial, um “recadinho pra galera” direto e reto que Talbot postou na home do site oficial do Idles.

Idles, não tem jeito, é uma banda catártica. E eles precisam serem catárticos para comportar as músicas urgentes e honestas que fazem.

É punk, é pós-punk. Cheira a novo mas carrega todo o DNA do melhor do gênero britânico desde 1976.

O Idles é de Bristol, Joe Talbot é rouco, ninguém da banda toca parado, nenhuma guitarra é econômica, a bateria não alivia. É porradaria o tempo todo. Não espere músicas “trabalhadas” e calmas e de poesia como as do excelente Fontaines DC. É outro rolê.

Sim, tem “A Hymn”. Mas não dá para chamar isso de “respiro” do barulho, de “a música lenta do disco”, porque ela desperta algum desespero nosso que faz as músicas do Joy Division parecerem canções de amor. Essa é para ouvir vestindo um casaco preto longo de inverno e se imaginar num show do Cure nos 80. Em um encontro de fãs do Sisters of Mercy.

Pensa na última revolução musical que a gente teve, de algum porte. Strokes e White Stripes 2001. Pensa naquele mundo. Pensa no mundo de hoje. Pensa nos Strokes hoje. Lembra semanas atrás quando o Idles pegou o hino “Reptilia” dos Strokes e destruíram, desmontaram toda ao transformar em algo para hoje? E teve galera na internet que não aceitou. Então, é a coisa de aceitar o agora.

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Você já conhecia vários singles deste disco novo do Idles, você viu pelo menos no Youtube algumas novas nos shows do Abbey Road. “Ultra Mono” é brutal talvez mais que “Brutalism” o primeiro disco dele. Mas dentro desta brutalidade está o melhor dos discos do Idles até agora, o mais bem costurado, mais apontando caminhos, o mais universal.

Com “Ultra Mono”, o Idles não vai salvar a humanidade, mas vai derramar através de seu som algum sangue jovem bom nas batalhas que precisam ser travadas. As do agora, as minhas, as suas, as deles. E, se a humanidade quisesse ser salva, “Ultra Mono” seria um caminho.

Você já sentiu. Na capa de “Ultra Mono”, a bola é o mundo hoje. O cara da cara esborrachada é a gente.

Ouve lá “Reigns” e “Carcinogenic”, por exemplo, fora dos “hits” do disco novo. E você vai entender. Ouve “Ultra Mono” todo, sem tirar. Ouça Idles.

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